Os doentes infetados com COVID-19 que sofram uma paragem cardíaca, dentro ou fora do hospital, têm um risco maior de morte, em particular as mulheres. Estas, quando internadas, têm um risco nove vezes superior de falecer após o incidente, revela um novo estudo publicado no European Heart Journal.
Na Suécia, entre 1 de janeiro e 20 de julho de 2020, um grupo de investigadores analisou os registos de saúde de 3.026 doentes, dos quais 1.946 tinham sofrido uma paragem cardíaca fora do hospital e os restantes 1.080 durante o internamento.
E verificou que os doentes infetados com COVID-19 e que sofreram uma paragem cardíaca fora do hospital registaram um risco 3,4 vezes superior de morte dentro de 30 dias. Por outro lado, os doentes internados que testaram positivo à COVID-19 tinham, para o mesmo intervalo de tempo, um risco 2,3 vezes maior.
“Este estudo mostra claramente que a paragem cardíaca e a COVID-19 são uma combinação muito letal. Os doentes infetados com o novo coronavírus devem ser intensamente monitorizados e devem ser tomadas medidas para prevenir a paragem cardíaca, por exemplo, através do uso de monitores cardíacos para doentes de alto risco”, explica Pedram Sultanian, autor do estudo e estudante de Doutoramento na Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
Ao ser o primeiro estudo a detalhar as características e os resultados das paragens cardíacas em doentes infetados com COVID-19, as conclusões dos investigadores não se ficam por aqui.
Assim, quando analisados os dados relativos a estes acontecimentos fora dos hospitais suecos no período de pré-pandemia, os investigadores descobriram que, 30 dias após a paragem cardíaca, assim que a pandemia começou apenas 9,8% dos doentes sem COVID-19 e 4,7% com COVID-19 sobreviveram, sendo que 83,4% dos infetados morreram dentro de 24 horas.
Já no que respeita às paragens cardíacas em doentes internados, antes da pandemia, estes tinham uma taxa de sobrevivência de 36,4% a 30 dias. Contudo, no decorrer da pandemia e para o mesmo período, 23,1% dos doentes COVID-19 sobreviveram, sendo que 60,5% dos infetados perderam a vida em 24 horas.
Paragem cardíaca mais fatal para as mulheres
Além destas revelações, também o sexo dos indivíduos pode desempenhar um papel crucial nesta temática. Isto porque, após compararem os dados entre a pré-pandemia e o seu decurso, os investigadores observaram que o risco de se falecer após uma paragem cardíaca fora do hospital triplicou, tendo aumentado 4,5 vezes para os homens e sendo de mais um terço para as mulheres.
Já quando internados, o risco de morte após este incidente quase que duplicou, aumentando pela metade nos homens e sendo nove vezes superior nas mulheres.
Por fim, Rwashani deixa um alerta: “poucos doentes hospitalizados com COVID-19 foram monitorizados com eletrocardiogramas (ECG). Isto é algo que pode salvar vidas, pois permite que uma paragem cardíaca seja detetada imediatamente. Acreditamos que os doentes com COVID-19 devam ser monitorizados com ECGs, mas também no que diz respeito à saturação de oxigénio, visto que tal permitiria o reconhecimento imediato de batimentos cardíacos irregulares e a diminuição da saturação de oxigénio”.