Falar de morte nunca é fácil, mas o luto é um processo importante, nomeadamente quando se trata de relacionamentos pessoais. No entanto — e por estranho que pareça —, o que se faz após a morte de uma figura pública também pode ser comum e ter níveis de intensidade semelhantes.
Então, mas o que é o luto parassocial? A investigadora Wendy Lichtenthal, da Miami Miller Scholl of Medicine, descreve que este processo está relacionado com uma celebridade, figura política ou outra pessoa muito conhecida.
Os relacionamentos parassociais são considerados unilaterais, em que se desenvolve um sentimento de conexão com uma pessoa que não se conhece pessoalmente. Este fenómeno aumentou com o aparecimento da televisão, há muito tempo, e, mais recentemente, com as redes sociais, que impulsionaram a visualização diária da vida de figuras públicas e o seu conhecimento.
Ainda assim, mesmo não conhecendo pessoalmente, são considerados relacionamentos e, por isso, é natural sofrer por alguém importante para si. Os especialistas defendem que o ser humano está “programado” para se conectar e que a sua sobrevivência depende disso. É neste sentido que surge o luto: não nos queremos separar das pessoas com as quais nos sentimos apegados.
Claro que este apego não é tão forte num relacionamento parassocial, mas ainda assim existe, funcionando como a transmissão de memórias, sensações ou sentimentos específicos.
O luto e a saúde mental
Independentemente de ser um luto parassocial ou de algum ente querido, cada pessoa reage a uma morte de maneira diferente, sendo necessário aceitar o significado que aquele indivíduo teve na sua vida e como vai sentir a sua falta.
Além disso, também não existe um prazo estipulado para fazer o luto; cada um deve reagir e processar à sua velocidade. É preciso, durante este período, perceber que a pessoa que morreu já não está fisicamente no mundo e adaptar-se a esta nova realidade. O luto não tem data de fim; a dor vai sempre permanecer nas suas vidas.
A investigadora refere: “Em vez de estabelecer um cronograma, dê a si mesmo um espaço para refletir sobre como essa pessoa era importante para si e que, por isso, este processo de luto é normal.”
Perante este cenário, se não conseguir lidar com a jornada de luto sozinho, pode consultar um psicólogo para o acompanhar durante este processo. Nunca estará sozinho!