
Investigadores da Universidade de Skövde, da Universidade de Gotemburgo e da Academia Sahlgrenska, na Suécia, têm feito avanços importantes na deteção precoce do cancro do ovário, através da identificação de biomarcadores que podem indicar se alguém tem a doença. Uma descoberta que permite respostas mais rápidas dos cuidados de saúde, aumentando as hipóteses de sobrevivência do doente.
Por ano, aproximadamente 325.000 mulheres recebem um diagnóstico de cancro ginecológico que pode mudar as suas vidas. Para aquelas que desenvolvem cancro do ovário, o futuro é muitas vezes incerto – apenas metade sobrevive cinco anos após o diagnóstico. Quando o cancro é detetado tardiamente, as taxas de sobrevivência caem drasticamente. Contudo, há agora um vislumbre de esperança.
A investigação fez progressos importantes ao identificar biomarcadores específicos que permitem a deteção precoce do cancro do ovário. Esta nova descoberta pode eventualmente ser integrada na área da saúde, melhorando as probabilidades de sucesso dos tratamentos.
“Identificámos diversas variantes proteicas que podem ajudar a distinguir entre tumores benignos e malignos. Atualmente, estamos a testar um painel de alterações genéticas para aumentar ainda mais a precisão dos nossos diagnósticos”, afirma Benjamin Ulfenborg, professor sénior de Bioinformática na Universidade de Skövde.
Os sinais do corpo revelam cancro
O cancro do ovário pode esconder-se no corpo durante muito tempo antes do surgimento de qualquer sintoma, tornando o diagnóstico precoce desafiante. Esta equipa de investigação usa uma técnica que combina a análise de proteínas e alterações genéticas, marcadores biológicos que atuam como sinais de alerta do próprio organismo, capazes de revelar a doença muito antes de esta se propagar.
Uma parte específica da investigação é dirigida a mulheres com endometriose, uma doença crónica que afeta cerca de uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva. Os investigadores descobriram que certas alterações genéticas são partilhadas entre a endometriose e o cancro, fornecendo novos conhecimentos sobre quais os doentes que podem ter maior risco de desenvolver cancro mais tarde.
“Para estas mulheres, a nossa investigação pode levar a uma monitorização mais personalizada e à deteção mais precoce de possíveis alterações associadas ao cancro”, afirma Benjamin Ulfenborg.
Diagnóstico precoce e menos procedimentos invasivos
O método desenvolvido pelos investigadores oferece diversas vantagens. A deteção precoce do cancro pode salvar vidas e reduzir a necessidade de intervenções cirúrgicas extensas e tratamentos com efeitos secundários graves, garantindo aos doentes mais anos de boa saúde e melhor qualidade de vida.
“O nosso objetivo é que este método seja utilizado rotineiramente na área da saúde. Ao detetar o cancro do ovário numa fase inicial, podemos evitar sofrimento desnecessário e dar a mais mulheres a oportunidade de viver uma vida mais saudável”, acrescenta Benjamin Ulfenborg.