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Novos tratamentos abrem a porta à remissão na asma grave, mas falta acesso

asma grave

Quem vive com asma grave sabe que o controlo da doença e a manutenção da qualidade de vida são enormes desafios. As doses elevadas e continuadas de corticoides nem sempre são suficientes para evitar o “descontrolo”, que se traduz em mais sintomas e um risco elevado de “ataque de asma”, ou seja, uma exacerbação que pode mesmo levar ao internamento hospitalar de urgência. Cerca de quatro em cada dez doentes de asma grave, em média, são internados, pelo menos, uma vez por ano devido a um episódio destes.

“As pessoas com asma grave têm hoje opções de tratamento, com os novos medicamentos biológicos, que possibilitam alcançar a remissão clínica, controlando os sintomas e recuperando a qualidade de vida”, refere Ana Gonçalves, presidente da Associação Asma Grave.

“No entanto, nem sempre o acesso é rápido e equitativo, uma vez que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde, por vezes, não dão resposta com a rapidez necessária, o que tem impacto na vida dos doentes. O acesso às terapêuticas biológicas em contexto de hospital privado, como já acontece com outras doenças crónicas, seria uma forma de aumentar o acesso por parte das pessoas com Asma Grave”, acrescenta, reforçando que, “por outro lado, e não menos importante, continuamos a assistir a uma desvalorização dos sintomas por parte dos doentes, o que é um dos motivos do diagnóstico tardio da asma grave e da demora na referenciação para um especialista”.

“É importante investir na capacitação dos doentes, para que estejam mais informados sobre a sua condição e possam assumir um papel ativo na gestão da sua patologia”, salienta Carlos Lopes, especialista de Pneumologia no Serviço de Pneumologia da ULS Santa Maria e coordenador da especialidade de Pneumologia no Hospital CUF Descobertas.

“Se sentem que a sua doença não está controlada e experienciam episódios regulares de exacerbação, devem procurar ser referenciados para um especialista em asma grave, com o objetivo de beneficiarem de uma abordagem mais integrada e cuidados direcionados, que podem fazer a diferença na sua qualidade de vida”, reforça .

Mais de 70 mil com asma grave

A asma, uma patologia subdiagnosticada e subtratada, afeta cerca de 700 mil portugueses (6,8% da população), estimando-se que 10% destes (70 mil pessoas) sofram da forma mais crítica da doença, a asma grave.

Trata-se de um tipo de asma em que os doentes vivem com sintomas persistentes, agudizações frequentes e obstrução constante das vias aéreas, apesar de medicados com doses elevadas de corticoides inalados e um controlador adicional.

Associada, em todo o mundo, a mais de 50% dos custos globais com o tratamento da doença, um dos grandes objetivos para a Asma Grave é alcançar a remissão clínica, ou seja, a estabilização da função respiratória, assim como a eliminação da necessidade de corticoterapia de manutenção e redução do risco de danos pulmonares a longo prazo.

Para ambicionar a remissão clínica é fundamental o diagnóstico precoce, o acesso às novas terapêuticas e a adesão às mesmas, o que pode ser mais simples devido às novas opções de administração destes medicamentos, que em alguns casos pode ser em contexto domiciliar.

Crédito imagem: iStock

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