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Doenças das gengivas e cáries associadas ao aumento do risco de AVC

cáries

Quem sofre com cáries e doenças das gengivas pode apresentar um maior risco de acidente vascular cerebral isquémico, revela um estudo publicado na revista científica Neurology® Open Access, a publicação oficial da Academia Americana de Neurologia. O estudo não comprova que a má saúde oral provoca acidentes vasculares cerebrais, mas mostra uma associação.

Os acidentes vasculares cerebrais isquémicos são o tipo mais comum de acidente vascular cerebral e ocorrem quando um coágulo ou bloqueio reduz o fluxo sanguíneo para o cérebro, privando-o de oxigénio e nutrientes.

As cáries são buracos no esmalte dentário causados ​​por alimentos açucarados ou ricos em amido ou por fatores como uma má higiene oral ou genética. A doença gengival, geralmente causada por uma higiene oral deficiente, é uma inflamação ou infeção das gengivas e do maxilar e pode levar à perda de dentes.

“Descobrimos que as pessoas com cáries e doenças das gengivas tinham quase o dobro do risco de acidente vascular cerebral em comparação com as pessoas com boa saúde oral, mesmo após o controlo dos fatores de risco cardiovascular”, refere autor do estudo, Souvik Sen, da Universidade da Carolina do Sul, em Columbia.

“Estas descobertas sugerem que melhorar a saúde oral pode ser uma parte importante dos esforços de prevenção do AVC.”

Impacto da saúde oral no cérebro

Os investigadores analisaram dados de 5.986 adultos com uma idade média de 63 anos, sem história prévia de AVC no início do estudo. Todos os participantes realizaram exames dentários que avaliaram se apresentavam doença gengival, cáries ou ambos e foram então divididos em três grupos: boca saudável, apenas doença gengival ou doença gengival com cáries.

Os investigadores acompanharam-nos durante duas décadas, utilizando consultas telefónicas e registos médicos para determinar quais as pessoas que tinham tido um AVC. E, de 1.640 pessoas com a boca saudável, 4% sofreram um AVC; de 3.151 pessoas apenas com doença gengival, 7% tiveram um AVC, e de 1.195 pessoas com doença gengival e cáries, 10% tiveram um AVC.

Após o ajuste para fatores como a idade, o índice de massa corporal e o tabagismo, os investigadores descobriram que, em comparação com as pessoas com uma boca saudável, aquelas com doença das gengivas e cáries apresentavam um risco 86% maior de AVC e aqueles com doença gengival isolada apresentaram um risco 44% superior.

O estudo também constatou que as pessoas com doença gengival e cáries apresentavam um risco 36% maior de sofrer um evento cardiovascular grave, como um ataque cardíaco, uma doença cardíaca fatal ou um acidente vascular cerebral, em comparação com as pessoas com bocas saudáveis.

Os participantes que referiram visitar o médico dentista regularmente apresentaram uma probabilidade 81% menor de doença gengival e cáries, e uma probabilidade 29% menor de doença gengival isolada.

“Este estudo reforça a ideia de que cuidar dos dentes e das gengivas não se resume ao sorriso; pode ajudar a proteger o cérebro”, afirma Sen. “As pessoas com sinais de doença gengival ou cáries devem procurar tratamento não só para preservar os dentes, mas também para reduzir o risco de AVC.”

Crédito imagem: Unsplash

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