Sabendo que mais de quatro mil milhões de pessoas em todo o mundo possuem um smartphone, um grupo de investigadores decidiu procurar formas de reduzir uma crescente preocupação de saúde pública: o uso problemático destes dispositivos. Susan Holtzman, professora de psicologia na Faculdade de Artes e Ciências Sociais Irving K. Barber da UBC Okanagan, no Canadá, publicou um estudo sobre o uso excessivo ou a dependência de smartphones e como pode ser controlado com técnicas de mindfulness.
“Os smartphones tornaram-se parte integrante da vida diária de milhares de milhões de pessoas em todo o mundo”, refere. “O uso de smartphones pode ser considerado ‘problemático’ se alguém passa uma quantidade excessiva de tempo no seu dispositivo, tem dificuldade em controlar o seu uso e isso interfere significativamente com áreas importantes da vida. Mas ainda há bastante discordância sobre a forma como devemos definir e medir o uso problemático dos smartphones.”
Questionada sobre porque é que isso é um problema, a especialista refere que “os smartphones nos dão acesso irrestrito à informação, às nossas redes sociais e a ferramentas para o dia a dia. Mas o seu uso excessivo pode ainda interferir com o nosso trabalho, com os nossos relacionamentos e com o nosso bem-estar mental. Podem também surgir problemas de saúde física, como interrupções do sono e dores, especialmente no pescoço e nos ombros”.
E ainda que o uso excessivo do smartphone não seja classificado como vício da mesma forma que o vício do jogo ou o uso de substância, “há algumas características em comum. Por exemplo, algumas pessoas relatam grande angústia e ansiedade quando separadas do telemóvel — algo chamado nomofobia. Independentemente de ser considerado um vício ou não, muitas pessoas de todas as faixas etárias manifestam o desejo de reduzir o uso do smartphone”.
Combater a dependência dos smartphones
O estudo que liderou conclui que “as pessoas que tendem a ser mais conscientes no seu dia a dia têm menos probabilidade de desenvolver uma relação problemática com o telemóvel”.
A revisão de 61 estudos, que envolveram mais de 39.000 pessoas de 11 países, analisou a relação entre o mindfulness e o uso problemático do smartphone, revelando muitas razões pelas quais a atenção plena pode ser útil: “pode ajudar as pessoas a gerir melhor as suas emoções, a agir com menos impulsividade e a resistir à tentação de se envolverem em comportamentos que não nos fazem bem. Também nos pode ajudar a perceber quando estamos no meio de um comportamento que é simplesmente um hábito”.
Para quem tem dificuldade em concentrar-se ou em manter-se presente, Susan Holtzman deixa alguns conselhos: “quando for pegar no telemóvel, pare e pergunte-se porquê. É para um fim específico ou apenas por força do hábito? Qual é a sua intenção? Principalmente se já passaram alguns minutos desde a última vez que verificou”.
E reforça que “isto não é tão fácil como parece. Os smartphones e as aplicações que os compõem foram concebidos para exigir e manter a nossa atenção. Para combater isto, incentivamos as pessoas a avaliar o uso que fazem dos seus smartphones. Se determinadas aplicações ou sites consumirem muito tempo e atenção, considere definir limites de tempo, removê-los do ecrã inicial ou eliminá-los completamente”.
Crédito imagem: Unsplash















