É um receio partilhado por muitos, mas um estudo norte-americano esclarece de uma vez por todas as dúvidas: não, se um dos passageiros a bordo de um avião estiver infetado com um vírus respiratório, nem todos vão ficar doentes. Esta é a boa notícia. A má é que alguns vão mesmo adoecer.
A conclusão é de um estudo norte-americano, que olhou para a forma como se disseminam os vírus respiratórios a bordo dos aviões. E que verificou que apenas as pessoas que estão sentadas na mesma fila que os passageiros doentes, ou na fila mais à frente ou mais atrás, têm um risco elevado de contrair a doença naquele voo. Para todos os outros, a probabilidade é reduzida, confirma o trabalho publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Para avaliar este risco, os investigadores da Universidade Emory e Howard Weiss, do Instituto de Tecnologia da Georgia, em Atlanta, nos EUA, ‘voaram’ em 10 viagens no território norte-americano, durante a época da gripe. Voos que tinham entre 3,5 e cinco horas de duração, estando, na maioria dos casos, completamente lotados.
Uma vez a bordo, os investigadores monitorizaram os movimentos e comportamento dos passageiros e da tripulação, anotando qual a frequência com que as pessoas deixavam os seus lugares e interagiam com outros, duas das atividades que mais propiciam a disseminação dos vírus.
Foram também recolhidas amostras do ar a bordo, assim como de objetos mais vezes tocados pelas pessoas, como os cintos de segurança, os tabuleiros ou a maçaneta da porta da casa de banho, antes, durante e depois dos voos.
E foi com recurso a estes dados que se criou um modelo computorizado, simulador do risco de transmissão da gripe de um passageiro infetado, que se encontravam sentado num lugar do lado do corredor, no meio do avião, aos restantes.
Resultado: os passageiros sentados nos dois lugares em cada um dos lados daquele onde se sentava a pessoa infetada, assim como aqueles que estavam sentados na fila à frente e atrás, tinham cerca de 80% de probabilidade de ficar doentes. Já os restantes passageiros estavam, de um modo geral, a salvo: o risco de terem gripe era de menos de 3%.
E quem se senta ao lado de um engripado?
Há, no entanto, algumas limitações, revelam os autores do trabalho, que têm a ver com o facto de não ter sido feita uma avaliação em voos de duração inferior a 3,5 horas ou superior a cinco e de se ter apenas avaliado aviões com um corredor.
Para aqueles que estão sentados ao lado de alguém doente, a troca de lugares, sobretudo quando o avião está cheio, não é tarefa fácil. Para estes, os especialistas deixam alguns conselhos: olhar para o lado oposto da pessoa quando esta tosse ou espirra, evitar levar as mãos aos olhos e à boca, limitar o contacto com superfícies partilhadas e lavar as mãos frequentemente.