Até metade das crianças em todo o mundo consomem bebidas energéticas todas as semanas, o que se associa a alguns problemas de saúde e comportamento, revela um estudo publicado na revista BMJ Open.
As bebidas energéticas são comercializadas para reduzir o cansaço e melhorar a concentração, assim como aumentar a energia. Uma bebida energética média de 250 ml contém uma quantidade de cafeína semelhante a um café expresso de 60 ml.
Muitas destas bebidas também contêm outros ingredientes ativos, como guaraná e taurina (estimulantes) e açúcar, embora também existam opções sem açúcar.
Os investigadores quiseram, com esta análise, descobrir que tipo e quantas bebidas energéticas os adolescentes no mundo e no Reino Unido estavam a consumir, explorando, ao mesmo tempo, o potencial impacto deste consumo para a saúde física e mental e para o comportamento dos jovens.
Foram, ao todo, avaliados 74 estudos, publicados em inglês desde 2013: seis destas 15 revisões relataram a prevalência e 14 a associação entre o consumo e a saúde ou o comportamento. Dados que mostram que, em todo o mundo, entre 13% e 67% das crianças tinham consumido bebidas energéticas no ano anterior.
O consumo frequente, definido como ingerir uma bebida energética em cinco ou mais dias da semana, foi associado a problemas de saúde mental e física e mal-estar geral, tendo ainda sido encontradas associações consistentes entre as bebidas energéticas e automutilação, suicídio, hiperatividade, desempenho académico e frequência escolar.
As evidências sugerem que os rapazes bebem mais do que as raparigas, com o consumo a aumentar com a idade; e sugerem ainda que um consumo associado a mais dores de cabeça, problemas de sono, uso de álcool, tabagismo, irritabilidade e exclusão escolar.
No apesar de os dados suportarem a ideia de que existe uma ligação entre bebidas energéticas com cafeína e saúde e comportamento mais precários em crianças, “a causa não é clara”.
Ainda assim, “com base numa visão abrangente das revisões sistemáticas disponíveis, concluímos que até metade das crianças, em todo o mundo, ingere estas bebidas semanalmente ou mensalmente”, havendo evidências consistentes “de que a saúde e o bem-estar mais pobres são encontrados em crianças que as bebem”.