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Relatório internacional sobre cancro confirma: doentes são muitas vezes esquecidos

doentes com cancro querem ser ouvidos

“Fazer a coisa certa pelos doentes.” Este é o pedido feito às autoridades de saúde, governos e tomadores de decisão pela iniciativa internacional de cancro All.Can, que divulgou um relatório onde alerta para a necessidade de planos e políticas de tratamento para o cancro que tenham em conta os doentes em todos os aspetos do tratamento.

“Os doentes são muitas vezes esquecidos quando se trata de planear cuidados para o cancro”, refere Alex Filicevas, responsável pelos assuntos da União Europeia na Coligação Europeia de Doentes com Cancro e membro do comité de direção da All.Can international.

“Com a prevalência, a complexidade e os custos do cancro a aumentar em todo o mundo, é imperativo ouvir o que os doentes dizem, que possa melhorar a sua experiência de atendimento. Ignorar os resultados deste relatório seria uma oportunidade perdida de fazer a coisa certa pelos doentes e fazer mudanças que poderiam fazer uma diferença real.”

Quase metade dos doentes não se sente envolvido na decisão de tratamento

O documento tem por base os resultados de uma sondagem internacional, feita junto de cerca de 4.000 pessoas afetadas por diferentes tipos de cancro em 10 países, na Europa e fora dela, que revela que um quarto dos entrevistados (26%) afirma que o seu diagnóstico inicial foi a parte mais ineficiente da sua jornada.

Quase metade (47%) dos entrevistados não se sentiu suficientemente envolvido na decisão de qual a melhor opção de tratamento, enquanto 39% dizem nunca ter recebido – ou apenas algumas vezes – apoio suficiente para lidar com quaisquer sintomas e efeitos secundários.

Sete em cada dez entrevistados (69%) confirmam que precisavam de apoio psicológico durante ou após o tratamento contra o cancro, com apenas um terço (34%) a referir que “não estava disponível” para o receber.

Ao todo, 24% afirmaram não ter acesso ao apoio de profissionais de saúde como nutricionistas e fisioterapeutas, aos quais se juntam 26% que relatam uma perda de rendimento como resultado do seu tratamento e 36% que abordam os custos de viagem como uma implicação financeira dos seus cuidados contra o cancro.

Resultados que os autores do trabalho consideram importante ter em conta, no sentido de se fazerem mudanças capazes de operar uma diferença real nos resultados e experiências dos doentes.

Rapidez no diagnóstico

As evidências existentes confirmam que um diagnóstico mais rápido pode melhorar a sobrevida do doente e está associado à redução dos custos de tratamento para muitos tipos de cancro.

A tomada de decisão partilhada está associada a melhores resultados, referindo-se ainda a necessidade de apoio psicológico adequado.

Calcula-se que a produtividade perdida devido a cancro chegue aos 52 mil milhões de euros por ano na União Europeia, na sequência de mortes prematuras e dias de trabalho perdidos, pelo que políticas sociais protetoras que ajudem as pessoas a regressar ao trabalho ou as protejam da insegurança financeira podem ter um impacto enorme na redução desse ónus.

“É tão importante que, como médicos, tenhamos a capacidade de ouvir o que os doentes nos estão a dizer nesta sondagem”, refere Christobel Saunders, especialista internacional da All.Can, cirurgião de cancro da mama e professor de oncologia cirúrgica da Universidade da Austrália Ocidental.

“Cada uma das áreas identificadas representa uma oportunidade para melhorar o tratamento do cancro e proporcionar um atendimento verdadeiramente orientado para o doente.”

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