Ainda que para alguns possa parecer distante, a época das festas está quase aí. A pouco mais de um mês do Natal, há quem já esteja a pensar na atmosfera natalícia perfeita, na lista de presentes, no menu das refeições em família. É fácil, especialmente num mundo cada vez mais voltado para as redes sociais, “comparar e desesperar”, afirma Michelle Paul, psicóloga e diretora da Clínica de Saúde Mental PRACTICE da Universidade do Nevada Las Vegas, que deixa conselhos sobre como lidar com o stress associado ao Natal.
“É difícil afastarmo-nos do que os outros estão a fazer e daquilo que nós não fazemos”, acrescenta.
Com lojas cheias de luzinhas e mensagens natalícias e os supermercados com as prateleiras repletas de sugestões alusivas ao Natal, Paul explica que, de facto, a tristeza pode bater nesta altura e partilha algumas formas práticas de enfrentar esta época do ano.
Motivos de stress associado ao Natal…
Há várias potenciais fontes de angústia na época natalícia. Fontes que diferem consoante as pessoas, havendo, no entanto, alguns temas gerais que podemos prever.
A perda de um ente querido é um deles. Se uma pessoa perdeu alguém, essa perda pode ser vivida mais profundamente durante a época de Natal, que geralmente representa um momento em que a família e os amigos se reúnem e desfrutam da companhia uns dos outros. Perder alguém pode, por isso, criar angústia.
Mas há mais. Na nossa cultura, esta época tem como foco ter presentes e bens. Há todo um marketing sobre como a mesa de Natal deve ser definida e como as decorações dentro e fora de casa devem ser. No entanto, nem todos têm meios para fazer compras extras, o que significa que podemos cair na tentação de julgar, os outros ou a nós mesmos, negativamente por “fracassar” em conseguir estar à altura.
A ideia de ter as compras certas, o presente perfeito para alguém especial e as melhores decorações, é ampliada nesta época. É difícil encontrar um equilíbrio entre celebrar de uma forma significativa e não ficar envolvido numa longa lista de tarefas que geram stress associado ao Natal.
Depois, há ainda as expectativas irrealistas e a tendência a julgar. E com o julgamento vem a vergonha.
… e a melhor forma de o resolver
De que forma se pode então lidar com estes e outros causadores de stress associado ao Natal? Primeiro, pensando intencionalmente sobre o que desejamos que as festas representem e quais os valores subjacentes. Depois, comportando-se de acordo com esses valores.
Isso é mais importante do que fazer comparações ou julgamentos. Desfrute de comida e companhia e aceite o facto, se for esse o caso, de fazer parte de um grupo desorganizado de pessoas que passam algum tempo juntas. Ou saia e faça voluntariado. Se sente que não está a receber, por que não fazer o oposto e dar?
Evite comparar e, se o fizer, deixe os julgamentos de lado. Se alguém tem uma realidade diferente da sua, tudo bem!
Estabeleça relações, concentre-se em criar espaço para pertencer ou aceitar, encontre lugares onde pode receber suporte, mas também dar em troca. Estenda a mão para os outros.
Faça um balanço, um inventário de quais são as suas fontes individuais de stress, que diferem de pessoa para pessoa. Pergunte a si mesmo: se eu pudesse mudar uma ou duas coisas para me sentir melhor, quais seriam? Se perdeu um ente querido, por exemplo, celebre a vida dessa pessoa.
Finalmente, procure ajuda. Se realmente sente que não consegue lidar com os elementos de stress à sua volta, é perfeitamente razoável procurar outras pessoas ou mesmo um profissional de saúde mental.