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As festas, um desafio para os cuidadores de pessoas com demência

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Embora a época festiva traga alegria a muitos, pode significar stress adicional para as famílias que cuidam de um ente querido com perda de memória ou demência. Mary Catherine Lundquist, especialista na área do Rutgers Behavioral Health Care, nos EUA, deixa conselhos sobre como aproveitar ao máximo esta altura do ano.

Para a especialista, para quem tem um elemento da família com demência o melhor “é ajustar as suas expectativas. Rituais e tradições em que a família possa ter participado em anos anteriores podem ser stressantes este ano devido a alterações no ente querido. Participar em eventos tais como concertos comunitários ou grandes reuniões familiares pode ser esmagador”.

É, por isso, importante ser “seletivo nas atividades que se escolhem e ter um plano no caso do ente querido se sentir desconfortável”. E ainda “encontrar formas que se adaptem à família, para se envolverem em atividades que ajudem a pessoa com demência a ligar-se ao significado da estação, tais como cozinhar um prato tradicional para desfrutar em casa, cantar canções em conjunto ou assistir a um espetáculo favorito”.

“Uma vez que as pessoas com perda de memória ou demência se saem melhor quando existe estrutura e familiaridade, manter horários normais de atividade, horários de refeições e rotinas de sono pode ajudar. Se a família alargada estiver de visita, tentar manter as visitas curtas e com poucas pessoas de cada vez e apresentar-se, em vez de esperar que o ente querido com perda de memória se lembre de quem é.”

Há um impacto na pessoa com demência, mas há também nos restantes elementos da família. Como podem os prestadores de cuidados prepará-los para as mudanças na pessoa cuidada? Mary Catherine Lundquist aconselha a que se “fale antecipadamente com a família e lhes diga que o ente querido pode estar diferente do ano passado, para que não fiquem chocados com as mudanças. Há que ser específico: “Ele não fala muito”, “Ela pode fazer as mesmas perguntas vezes sem conta” ou “Ele pode não saber quem você é”.

Para passa tempo de qualidade com a pessoa com demência durante uma visita, que tal levar “um saco de truques: lanches, livros para colorir, artesanato, fotografias. Há tantas maneiras de nos ligarmos uns aos outros, mesmo quando uma pessoa já não pode falar ou recordar uma história partilhada. A música, sobretudo cantar canções em conjunto, é uma forma maravilhosa de partilhar uma experiência. Embora as pessoas percam a capacidade de conversar, a sua capacidade de cantar é preservada de uma forma bonita. Além disso, as festas apresentam uma lista de canções familiares”, reforça a especialista.

É um facto que as pessoas com demência podem perder a sua capacidade de ter uma conversa, mas mesmo sem conseguir responder, Mary Catherine Lundquist considera que os visitantes “podem conversar, mas devem fazer com que a pessoa amada se sinta incluída”. As recordações são bem-vindas, mas “evite perguntar à pessoa amada ‘Lembra-se?’ ou esperar que ela lhe dê detalhes do passado. Também é bom lembrar ao ente querido o seu nome e a sua relação com ele de tempos a tempos”.

Como se pode reduzir o stress da prestação de cuidados durante as festas? “Largar o que quer que seja que está a causar stress! Não é necessário decorar a casa ou comprar presentes como nos anos anteriores. O melhor presente que pode dar a um ente querido com perda de memória e aos seus cuidadores é a sua presença”.

Mais ainda, “os cuidadores muitas vezes não saem e sentem-se sozinhos, uma situação que se agrava ao estar em casa todo o dia com uma pessoa que não é capaz de se envolver com eles. Tudo o que puder fazer para alegrar o seu dia é apreciado, quer seja levar-lhes uma refeição ou, melhor ainda, oferecer-se para ficar com a pessoa para que o prestador de cuidados possa assistir a uma reunião familiar ou reservar tempo para si próprio”.

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