Scroll Top

Consórcio europeu está a desenvolver dispositivo pioneiro para prevenir e reduzir crises respiratórias

crises respiratórias

O consórcio de investigação Blocking Respiratory Exacerbations: AI and data-driven Technology for Health Enhancement(BREATHE), do qual a Universidade de Coimbra (UC) faz parte, está a desenvolver um dispositivo pioneiro para prever e reduzir as crises respiratórias de pessoas com asma e outras doenças obstrutivas crónicas. Os investigadores esperam que esta nova ferramenta, destinada à utilização domiciliária, ajude doentes e médicos a antecipar e a prevenir crises respiratórias, reduzindo, assim, as hospitalizações e melhorando a qualidade de vida.

Em concreto, a equipa de investigação está a testar a utilização de um dispositivo que permite medir a Fração Exalada de Óxido Nítrico (FeNO) em casa, um método não invasivo que permite avaliar a inflamação pulmonar de forma rápida.

Atualmente, esta monitorização é feita principalmente em ambiente hospitalar ou clínico, através da utilização de dispositivos como o Evernoa, um sistema que foi criado por uma das entidades parceiras do consórcio, a empresa especializada em tecnologia médica everSens.

A utilização móvel deste novo sistema inspirado no dispositivo Evernoa vai permitir “que os doentes monitorizem facilmente os seus níveis de FeNO no domicílio, garantindo intervenções atempadas e uma gestão mais eficaz da doença”, explica a equipa de investigação da UC.

Para fazer esta monitorização, os doentes devem “utilizar o dispositivo para realizar medições diárias, seguindo um processo simples e intuitivo”, elucidam os investigadores.

A medição é, então, registada automaticamente na aplicação móvel do sistema, que vai armazenar os dados e permitir a análise dos padrões ao longo do tempo. No futuro, “estes dados, conjugados com outras variáveis clínicas, poderão contribuir significativamente para a gestão atempada e prevenção das crises”, acrescentam.

Esta versão móvel do Evernoa, que depois da sua validação clínica será futuramente disponibilizada, está a ser feita com recurso a inteligência artificial. Estão a ser usados modelos preditivos que permitem “analisar os padrões das medições de FeNO, cruzando-os com outros dados clínicos e ambientais”, partilha a equipa de investigação.

“Acreditamos que este dispositivo para utilização domiciliária pode impactar positivamente o dia a dia de pessoas diagnosticadas com asma e outras doenças obstrutivas pulmonares, podendo vir a reduzir até 55% as suas crises respiratórias, prevenindo, assim, mais de 1,2 milhões de hospitalizações anuais na Europa e libertando cerca de 8 milhões de dias de ocupação hospitalar”, avança a equipa do projeto BREATHE.

Atualmente, as doenças respiratórias crónicas “afetam mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo e são uma das principais causas de incapacidade e morte”, recordam os investigadores.

Avaliação no terreno

Neste momento, a Universidade de Coimbra e a Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS Coimbra) estão a implementar um estudo clínico multicêntrico, envolvendo Portugal e Espanha (Hospital Clínic de Barcelona), para avaliar a performance da versão domiciliar do dispositivo Evernoa em doentes com asma grave.

Durante este estudo, os investigadores vão acompanhar os participantes ao longo de seis meses, recolhendo dados sobre a utilização do dispositivo e a evolução do seu estado clínico. Desta forma, o estudo vai permitir “analisar a adesão dos doentes à tecnologia, avaliar a viabilidade do uso regular do dispositivo e compreender de que forma esta metodologia inovadora pode impactar a gestão da asma na vida real” e prevenir as crises respiratórias, contextualiza a equipa portuguesa.

 

Crédito imagem: iStock

Posts relacionados