Uma dieta com base em vegetais pode ajudar a prevenir e controlar a asma, enquanto um regime alimentar rico em produtos lácteos e alimentos gordos aumenta o risco, revela um novo estudo.
A asma é uma doença crónica comum, em que as vias aéreas se tornam estreitas e inflamadas, levando por vezes à dificuldade em respirar, a tosse, pieira e falta de ar.
“A asma é uma doença que, infelizmente, pode tornar as pessoas mais vulneráveis ao surto de COVID-19”, afirma Hana Kahleova, diretora de investigação clínica do Comité de Médicos em Medicina Responsável e autora do estudo, publicado na revista científica Nutrition Reviews.
“Esta investigação oferece esperança de que alterações na dieta possam ser úteis.”
Os benefícios dos vegetais
Um grupo de investigadores examinou as evidências que associam dieta e asma e descobriu que certos alimentos, entre os quais fruta, vegetais, grãos integrais e outros alimentos ricos em fibras, podem ser benéficos, enquanto laticínios, produtos e alimentos ricos em gordura saturada, podem ser prejudiciais.
Os autores da revisão destacam um estudo que verificou que os doentes com asma que consumiram uma dieta à base de vegetais durante oito semanas tiveram uma redução maior no uso de medicamentos para asma e sintomas menos graves e menos frequentes.
Noutro estudo, pessoas com asma que adotaram, ao longo de um ano, uma dieta mais rica em vegetais, conseguiram melhorias em vários indicadores de saúde.
Resultados que levam os autores a sugerir que uma dieta baseada em vegetais é benéfica, uma vez que provocou uma redução na inflamação sistémica, que pode exacerbar a asma.
As dietas à base de plantas também são ricas em fibras, o que tem sido positivamente associado a melhorias na função pulmonar.
Os especialistas destacam ainda os antioxidantes e flavonoides encontrados nos alimentos vegetais, que podem ter um efeito protetor.
Laticínios inimigos da asma?
A revisão constata ainda que o consumo de laticínios pode aumentar o risco de asma e piorar os sintomas.
Um estudo de 2015 verificou que as crianças que consumiam mais laticínios tinham maiores probabilidades de desenvolver asma, em comparação com as que consumiam menos.
Outro trabalho, realizado com crianças com asma divididas em dois grupos, um onde não foram feitas alterações na dieta, e outro em que se eliminaram laticínios e ovos ao longo de oito semanas, revelou uma melhoria de 22% na capacidade de expiração das crianças do primeiro grupo, tendo-se verificado, nas do segundo, uma redução de 0,6%.
Níveis elevados de gordura na alimentação, o consumo de gordura saturada e a baixa ingestão de fibras também foram associados à inflamação das vias aéreas e uma redução da função pulmonar em pessoas asmáticas.
“Esta investigação inovadora mostra que encher os nossos pratos com alimentos à base de plantas e evitar laticínios e outros alimentos com alto teor de gordura pode ser uma ferramenta poderosa para prevenir e controlar a asma”, refere Kahleova.