Rodrigo Oliveira, coordenador do departamento de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital da Cruz Vermelha, vai ser o primeiro português a realizar uma cirurgia ao vivo com recurso a uma das inovações cirúrgicas no tratamento da obesidade, no congresso da Federação Internacional para a Cirurgia de Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO), que se realiza no Dubai, de 26 a 29 de setembro.
Das cirurgias robóticas, à embolização vascular, passando pelas cirurgias feitas através de endoscopia, têm sido muitos e importantes os avanços cirúrgicos para o tratamento da obesidade. “Nos últimos 10 anos, têm surgido vários tratamentos com resultados excelentes. A gama de opções de tratamento invasivo, seja ele minimamente invasivo, até às cirurgias modernas, é muito grande”, confirma o especialista.
Rodrigo Oliveira, que tem dupla nacionalidade (portuguesa e brasileira), vai ainda ser protagonista de um debate sobre as reintervenções na obesidade, ou seja, quando os doentes já operados voltam a recuperar o peso perdido.
Obesidade, um problema de múltiplas especialidades
O congresso realiza-se numa altura em que, de acordo com Rodrigo Oliveira, “já se entendeu que a obesidade não é apenas um problema de peso”. Tanto que, hoje, a cirurgia destinada a tratar o problema deixa de ser conhecida como bariátrica, para passar a ser metabólica.
“Fomos descobrindo, ao longo das últimas décadas e sobretudo dos últimos 10 anos, vários tratamentos, principalmente invasivos, tratamentos cirúrgicos com resultados excelentes para o tratamento da obesidade. Inovação que já estamos a usar no Hospital da Cruz Vermelha, onde as cirurgias são chamadas de metabólicas.”
Aqui, aos cirurgiões juntam-se especialistas de várias áreas, desde a endocrinologia à nutrição. “Porque o facto só de operar não adianta. O doente tem que ser operado e depois ter um acompanhamento especializado. Mais ainda, se ficar gordo e tiver doenças metabólicas, pode vir a sofrer de cancro, pode perder a visão devido aos diabetes, pode ter que amputar uma perna, ter uma insuficiência renal e fazer diálise. Quer dizer, a perda dele é muito grande. E não é a operação que resolve tudo.”