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Estudo identifica biomarcador que pode ajudar a diagnosticar cancro do pâncreas

cancro do pâncreas

Investigadores da Queen Mary University of London identificaram uma proteína que pode ser usada para auxiliar no diagnóstico do cancro do pâncreas.

Os resultados do novo estudo sugerem que uma proteína chamada pentraxina 3 (PTX3) pode ser um biomarcador de diagnóstico específico, ou medida biológica, para o cancro do pâncreas, com a capacidade de diferenciar o cancro do pâncreas de outras doenças não cancerígenas daquele órgão.

Na investigação, que foi publicada na revista Precision Oncology, os especialistas mediram os níveis de PTX3 em amostras de sangue sérico de pessoas com adenocarcinoma ductal pancreático, o tipo mais comum de cancro do pâncreas, assim como de voluntários saudáveis ​​ou pessoas com outras doenças não cancerígenas do pâncreas, e descobriram que os níveis da proteína eram significativamente maiores nas amostras de soro daqueles com o tumor.

As pessoas com adenocarcinoma ductal pancreático tinham níveis séricos de PTX3 notavelmente mais elevados do que aqueles com pancreatite crónica, uma doença que costuma apresentar sintomas semelhantes aos do tumor maligno, tornando o diagnóstico definitivo mais difícil.

Hemant Kocher, professor de cirurgia de fígado e pâncreas na Queen Mary University of London e consultor da Barts Health NHS Trust, que liderou o estudo, refere que, “na clínica, a tomografia computadorizada (TC) é geralmente usada no diagnóstico do cancro do pâncreas. E embora possa detetar a presença de uma massa pancreática, não consegue distinguir o cancro pancreático de outras doenças pancreáticas não cancerígenas. Isso representa dilemas diagnósticos frequentes na prática clínica, uma vez que atualmente não há biomarcadores clinicamente aplicáveis ​​para a deteção precoce do adenocarcinoma ductal pancreático”.

“Os resultados do nosso estudo sugerem que o PTX3 pode ser usado como um biomarcador para melhorar o diagnóstico do adenocarcinoma ductal pancreático e pede mais testes para determinar se pode ajudar na deteção precoce deste tumor na clínica.”

Medir no sangue biomarcador de cancro do pâncreas

A maioria dos biomarcadores de cancro usados ​​na prática clínica são proteínas libertadas pelas próprias células cancerígenas. Uma das características definidoras do adenocarcinoma ductal pancreático é que existem muito poucas células cancerígenas – o cancro do pâncreas é surpreendentemente composto por células não cancerígenas, que formam uma grande quantidade de tecido cicatricial à volta do tumor, fornecendo uma forte defesa para as células cancerígenas.

A característica única do PTX3 é que este biomarcador é libertado por células não cancerígenas, como as células em forma de estrela que circundam o tumor pancreático. 

Ao observar os dados dos ensaios clínicos, a equipa descobriu que, quando o cancro pancreático sozinho é o alvo, o PTX3 não parece mudar com a administração de quimioterapia; no entanto, quando medicamentos direcionados tanto para o cancro, como para o conjunto de células à sua volta, são administrados, são observadas alterações nos níveis de PTX3, que podem ser facilmente medida no sangue para monitorizar como é que o medicamento está a funcionar. 

As células estreladas têm um papel importante na formação do tecido normal, e as células estreladas normais não parecem libertar PTX3. As células estreladas libertam PTX3 quando são “ativadas”, o que pode ocorrer no cancro ou em resposta a outros problemas, o que torna necessário que se façam mais investigações para determinar se os níveis de PTX3 detetados neste estudo são específicos para a ativação de células estreladas no adenocarcinoma ductal pancreático.

Diagnósticos maioritariamente tardios

O cancro do pâncreas é um dos mais mortais e é, na maior parte das vezes, diagnosticado quando já está num estádio avançado, devido à falta de sintomas específicos nos estádios iniciais da doença e à ausência de biomarcadores específicos capazes de auxiliar na deteção precoce.

Este estudo sugere que o PTX3 pode ser um biomarcador sensível e específico capaz de distinguir as condições cancerígenas das não cancerígenas do pâncreas.

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