Abrir uma porta, pegar numa caneta, calçar uns sapatos. Para as 70 mil pessoas que vivem, em Portugal, com artrite reumatóide, estes gestos simples tornam-se tarefas complicadas, dolorosas, difíceis. É sobre técnicas destinadas a melhorar o diagnóstico e o tratamento destes doentes que se vai falar no Colóquio A.N.D.A.R. 2019.
A iniciativa, da Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide, vai ter lugar no dia 29 deste mês, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Este ano, a biópsia sinovial é o tema em destaque, um exame que “é a base para o conhecimento que se está a juntar sobre a medicina personalizada nestes doentes: diagnosticar mais cedo e tratar da forma mais correta”, explica João Fonseca, especialista do Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas do Hospital de Santa Maria.
Trata-se, refere o especialista, de um exame que implica a colocação de “uma agulha guiada por ecografia, que retira tecido sinovial do interior da articulação para análise”. Um exame que continua por generalizar, apesar de “ajudar a caracterizar melhor o tipo de doença”.
No evento, que conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República, a biópsia sinovial na artrite reumatóide vai ser a grande protagonista, procurando-se aqui encontrar a resposta à questão: será agora que a promessa se concretiza? Uma discussão que, segundo o especialista, teve início há 20 anos.
Artrite reumatóide, a doença que pode surgir em todas as idades
Recorde-se que a artrite reumatóide é uma doença reumática inflamatória crónica, que pode ocorrer em todas as idades, afetando sobretudo as estruturas articulares e periarticulares. Quando não tratada precoce e corretamente, a artrite reumatóide acarreta, em geral, graves consequências para os doentes, traduzidas em incapacidade funcional e para o trabalho.
O evento contará ainda com a participação de Manuel Sobrinho Simões e Maria Carmo-Fonseca, cientistas e investigadores mundialmente reconhecidos e com vários prémios nacionais e internacionais, que farão as suas intervenções sobre “Da inflamação à neoplasia: primado da medicina narrativa” e “Medicina de precisão”, respetivamente.