Um grande número de alimentos populares frequentemente vendidos no mercado da União Europeia (UE) contém muito açúcar, sal, gordura e fibra insuficiente, conclui um estudo do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia (JRC), que avaliou alimentos embalados em relação aos padrões nutricionais.
Contas feitas, até dois terços dos 2.700 produtos analisados não são elegíveis para serem vendidos às crianças.
Já se sabe que grandes quantidades de gordura saturada, açúcar e sal, assim como fibra insuficiente são os principais fatores que contribuem para a elevada prevalência de doenças crónicas como obesidade, doenças cardíacas, AVC, cancro e diabetes na Europa.
A comercialização de alimentos com elevado teor de gordura saturada, açúcar e sal contraria os esforços dos países da UE para promover uma alimentação saudável e pode levar a uma dieta pobre, sobretudo em crianças. Esforços que passam também pela implementação da Diretiva que obriga os Estados-Membros a promover a corregulação e autorregulação para limitar a exposição das crianças a anúncios de alimentos e bebidas com alto teor de sal, açúcar, gorduras saturadas ou ácidos gordos ou que não respeitem as orientações nutricionais.
Com base no banco de dados do Euromonitor 2016, que abrange 20 países da UE, os cientistas do JRC avaliaram a composição nutricional de 2.691 alimentos populares de cinco categorias: cereais de pequeno-almoço, refeições prontas, carnes processadas, frutos do mar processados e iogurtes.
E concluíram que entre metade e dois terços de todos os produtos analisados não são elegíveis para serem comercializados junto das crianças.
Porque é que os alimentos populares são motivo de preocupação
Os especialistas verificaram que os cereais de pequeno-almoço e os iogurtes eram muito ricos em açúcares; que a carne processada, frutos do mar processados e refeições prontas tinham muito sal; que os cereais de pequeno-almoço não tinham fibra suficiente e que os iogurtes eram muito ricos em gordura total e saturada.
É de notar que estes produtos alimentares são provavelmente consumidos ampla e regularmente na UE, inclusive por crianças. Situação que é motivo de preocupação e pode explicar, em parte, as elevadas taxas de obesidade infantil e a carga económica e de saúde das doenças crónicas.
O estudo confirma que são necessários esforços em escala e a repetição desta análise nos próximos anos pode ajudar a monitorizar o progresso necessário para obter ganhos para a saúde pública.