Um novo estudo, publicado na revista BJS, confirma o que muitos temiam: que as taxas de cancros gastrointestinais em pessoas mais jovens estão a aumentar drasticamente em todo o mundo.
Nos Estados Unidos, o cancro colorretal de início precoce apresentou um aumento acentuado nos homens e mulheres desde meados da década de 1990 e, em comparação com os adultos nascidos em 1950, os nascidos em 1990 apresentam já o dobro do risco de desenvolver cancro do cólon e quatro vezes o risco de desenvolver cancro do reto.
A incidência de cancro colorretal de início precoce, o tipo mais comum de cancro gastrointestinal, também está a aumentar a nível global, sobretudo nos países de rendimentos mais altos. Um estudo realizado em 20 países europeus deu conta disso mesmo, ao apontar aumentos significativos nos casos de cancro colorretal de início precoce entre 2004 e 2016, com um crescimento de 7,9% para indivíduos com idades compreendidas entre os 20 e os 29, de 4,9% para aqueles com idades entre 30 e 39 e de 1,6% para das faixas etárias dos 40 aos 49 anos.
Números que escondem vários problemas. De acordo com os investigadores, os doentes com cancro colorretal de início precoce apresentam frequentemente atrasos no diagnóstico, porque nem os médicos nem os doentes suspeitam de cancro. Consequentemente, há uma maior probabilidade de diagnóstico quando a doença já se encontra em fases avançadas.
Os doentes mais jovens têm maior probabilidade de receber tratamento agressivo, muitas vezes sem vantagem na sobrevivência e têm também necessidades únicas e frequentemente não satisfeitas quando lidam com o tratamento do cancro. Frequentemente, têm ainda maior probabilidade de enfrentar dificuldades financeiras devido ao diagnóstico da doença.
Os sobreviventes de cancro colorretal de início precoce também são mais propensos a relatar problemas de ansiedade, imagem corporal e disfunção sexual em comparação com os sobreviventes de início avançado, e também são mais propensos a relatar pior funcionamento social e qualidade de vida física.
Os doentes do sexo masculino com cancro colorretal de início precoce têm ainda uma probabilidade maior de sofrer de depressão do que aqueles diagnosticados com cancro colorretal de início médio.
Porque estão a aumentar os casos em jovens?
Os investigadores referem que os fatores de risco associados ao aumento do risco de cancro gastrointestinal de início precoce incluem a obesidade, a dieta ocidental, a doença hepática gordurosa não alcoólica, o tabagismo e o consumo de álcool.
A obesidade, particularmente na infância e adolescência, está a aumentar e é uma das principais teorias para o aumento das taxas de diversos cancros gastrointestinais de início precoce.
“A incidência de cancros gastrointestinais em adultos com menos de 50 anos está a aumentar globalmente”, confirma a autora principal do artigo, Sara Char. “Os esforços de investigação em curso que investigam a biologia dos cancros gastrointestinais de início precoce são essenciais para o desenvolvimento de estratégias de rastreio, prevenção e tratamento mais eficazes.”
