As pessoas que sofrem com sintomas de olho seco têm uma qualidade de vida inferior, revela um novo estudo, cujos resultados mostraram que os efeitos negativos se fazem sentir na função visual, mas não só: a capacidade de realizar as atividades diárias e a produtividade no trabalho são também afetadas.
O olho seco é uma condição comum e um motivo frequente que leva as pessoas a procurarem atendimento médico. Pode afetar pessoas de qualquer idade, mas é mais prevalente em mulheres e idosos.
Os sintomas incluem irritação e vermelhidão nos olhos, visão turva e uma sensação de corpo estranho no olho. Há dados que apontam para que até um terço dos adultos com mais de 65 anos sofram com este problema, embora o número real seja provavelmente maior, uma vez que não existe um teste diagnóstico definido e as pessoas com sintomas ligeiros têm menos probabilidade de os relatar ao médico.
O tratamento costuma envolver a prescrição de lágrimas artificiais, lubrificantes oculares e adstringentes.
Este novo estudo, liderado pela Universidade de Southampton, no Reino Unido, quis explorar a forma como o olho seco afeta a vida dos adultos britânicos, através de um inquérito online realizado junto de mil pessoas com este problema e outros mil sem ele.
Os participantes responderam a um questionário sobre a sua função visual e sobre a qualidade de vida relacionada com a saúde. Aqueles que declararam ter olho seco responderam também a outras perguntas para avaliar a gravidade dos seus sintomas.
Os resultados, publicados na revista BMJ Open, mostraram que uma proporção maior de pessoas com o olho seco apresentava problemas de mobilidade e tinha mais dificuldade nas suas atividades diárias do que aquelas sem este problema. A isto junta-se ainda o facto de estarem em maior risco de ansiedade e depressão.
Para quem vivia com sintomas mais graves, a probabilidade de um impacto negativo na sua vida social e emocional era maior, bem como na produtividade no trabalho, uma vez que faltavam mais como resultado dos seus sintomas.
Parwez Hossain, professor de Oftalmologia da Universidade de Southampton, e líder do estudo, considera que o trabalho realizado “deu algumas informações muito úteis sobre a carga que o olho seco representa para os doentes. Além de confirmar o impacto na vida profissional e social, descobrimos também que a extensão dos efeitos é consistente com a gravidade dos sintomas”.
Ficou ainda a saber-se que as pessoas sintomas de olho seco tinham mais probabilidade de “sofrer de outras comorbilidades, duas vezes risco de sofrer de artrite, perda de audição ou doença do intestino irritável em comparação com aqueles sem sintomas. Embora não possamos estabelecer associações causais, a presença de olho seco parece afetar a saúde de um indivíduo e a qualidade de vida”.