Febre alta, tosse e falta de ar são os sintomas que mais se associam à infeção por COVID-19. Mas um estudo recente, que olhou para os dados de 2,6 milhões de pessoas que usaram uma ‘app’ para registar os seus sintomas diariamente, revela que a perda de olfato e paladar podem ser também um bom preditor da doença e que, segundo vários especialistas, deveria ser também incluído nas diretrizes de triagem.
Liderado por cientistas do Massachusetts General Hospital (MGH) e do King’s College London, o estudo teve como principal objetivo aumentar o conhecimento sobre a COVID-19, algo feito aqui através da recolha de dados sobre a propagação da doença numa grande parte da população.
“Sabemos ainda muito pouco sobre a COVID e precisamos de tentar preencher muitas lacunas em relação à compreensão da doença: quem é suscetível a ser infetado, os sintomas que as pessoas desenvolvem”, refere Andrew Chan, epidemiologista do MGH e professor na Harvard Medical School, em declarações ao site de notícias daquela universidade.
Os cientistas adaptaram uma ‘app’, para recolher informações demográficas e de saúde, que questionava o utilizador sobre os seus sintomas. Uma aplicação que se tornou viral após o seu lançamento, no fim de março, contando com cerca de 2,6 milhões utilizadores no Reino Unido e nos EUA, chegando a 3,7 milhões antes do fim de maio.
Os dados identificavam o aparecimento de sintomas cinco dias antes dos pedidos para a realização de testes COVID-19. E, no estudo publicado recentemente na revista Nature Medicine, foram apresentados dados de cerca de 18.000 participantes testados para SARS-CoV-2, para perceber quais os sintomas mais comuns naqueles que tiveram resultado positivo.
Resultado: foi descoberto que a perda de paladar e olfato foi relatada pela maioria dos testados, cerca de 65%, e que o grupo mais preditivo de sintomas foi este, assim como a fadiga, tosse persistente e perda de apetite.
Próximos passos
O modelo foi depois aplicado a mais de 800.000 participantes do estudo, que não tinham sido testados, e determinou que cerca de 140.000 deles estariam provavelmente infetados com o vírus, pouco mais de 5% da população inteira do estudo.
Apesar de ser considerado limitado, o estudo obtém algumas respostas interessantes. E promete prosseguir, com foco no impacto da COVID-19 em doentes com cancro e o efeito de infeções passadas no desenvolvimento da imunidade.