
De acordo com um novo estudo, as pessoas diagnosticadas com perturbações mentais trabalham, em média, 10,5 anos a menos em comparação com a população em geral.
Olhando para os dados de todas as pessoas com idades entre os 18 a 65 anos, registadas na Dinamarca durante um período de 22 anos, os investigadores da Universidade de Aarhus conseguiram determinar algumas das consequências enfrentadas por aqueles a quem foi diagnosticada uma perturbação mental.
O estudo seguiu 5.163.321 indivíduos na Dinamarca, 488.775 dos quais diagnosticados com um distúrbio mental, tendo verificado que todas as perturbações mentais diagnosticadas estavam associadas a uma perda substancial da vida profissional. Até aqui nada de novo, não fosse este o primeiro estudo a quantificar uma medida estimada do tempo perdido, explica o autor principal do mesmo, Oleguer Plana-Ripoll, especialista do Departamento de Epidemiologia da Universidade de Aarhus.
“Não é surpreendente que as pessoas diagnosticadas com distúrbios mentais passem mais tempo ausentes da força de trabalho; nós já sabíamos isso. Mas a magnitude surpreendeu-nos: perder uma média de 10,5 anos de vida profissional é muito”, afirma o investigador, que considera que os resultados mostram o impacto substancial que as perturbações mentais têm na vida das pessoas diagnosticadas.
“O nosso estudo mostra que os doentes com perturbações mentais com um grau muito elevado são mais incapazes de trabalhar ou estudar em comparação com a média da população. Há necessidade de investir em programas que reduzam o número de anos de trabalho perdidos e ajudem as pessoas com distúrbios mentais a regressar à força de trabalho”, acrescenta.
Das perturbações mentais, a esquizofrenia é a que mais ‘castiga’
Os investigadores analisaram primeiro o número global de anos de trabalho perdidos associados a todos os diagnósticos mentais combinados, concluindo que este se fica pela média de 10,5 anos. Depois, olharam para 24 tipos específicos de diagnósticos mentais, revelando que alguns têm mais impacto na capacidade de trabalhar ou estudar do que outros.
O estudo descobriu que as pessoas diagnosticadas com esquizofrenia perdem, em média, 24 anos de vida de trabalho após receberem o diagnóstico, enquanto as pessoas diagnosticadas com depressão única ou recorrente perdem cerca de 10 anos.
“Os casos de depressão e de diagnóstico de ansiedade que temos neste conjunto de dados são os casos mais graves que procuram ajuda de um psiquiatra. Mas há muitos mais casos que são tratados por outros médicos ou que podem não receber qualquer tratamento. Embora a vida profissional média perdida para estes indivíduos seja provavelmente inferior, estamos convictos que os casos ligeiros de perturbações mentais também estão associados a uma redução na vida profissional”, explica.