A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) contava, no fim de 2021, com 12.235 profissionais com inscrição ativa e a exercer em Portugal, um valor quase o dobro do número de 2010, ano em que existiam no País 6.905 profissionais. Em 2021 face ao ano anterior o número de dentistas ativos em Portugal aumentou 5,1%.
Este crescimento acentuou-se apesar do aumento significativo de dentistas que deixaram de exercer em Portugal, optando por fazê-lo em países como França ou Reino Unido, mostram os dados revelados pelo estudo “Números da Ordem”, realizado pela OMD e que reflete os grandes números, estimativas e tendências da profissão.
A 31 de dezembro de 2021, 12,9% do total de médicos dentistas eram membros com inscrição suspensa na OMD. Face a 2020, o número de profissionais que suspendeu a sua inscrição aumentou 8,4%, totalizando 1819. Destes, 60% têm menos de 41 anos. A principal razão (67%) que motivou a suspensão é o exercício no estrangeiro.
Relativamente a 2021, os profissionais que optaram por deixar de exercer em Portugal passaram a fazê-lo maioritariamente na Europa, nomeadamente em França (27,6%), Reino Unido (23,5%), Espanha (8,5%), Países Baixos (7%) e Itália (6,8%).
Um dentista para cada 846 pessoas
O aumento do número de profissionais ativos em Portugal tem levado a um agudizar do rácio de dentistas por cada habitante, atingindo no final de 2021, um médico dentista para 846 pessoas, quando era de 884 residentes no ano anterior.
As projeções da OMD com base na tendência que se tem vindo a registar apontam para que o número de dentistas por residente atinja 685 em 2025, cada vez mais distante do valor de referência da Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda um dentista por cada 2.000 residentes.
A distribuição de médicos dentistas no território apresenta uma disparidade muito relevante. A Área Metropolitana do Porto, Viseu Dão-Lafões e Coimbra com 598, 674 e 751 habitantes por profissional ocupam os três primeiros lugares das regiões com maior número de médicos dentistas. As regiões que contam com menor disponibilidade, inclusivamente aquém do recomendado pela OMS, são o Baixo Alentejo, Alentejo Litoral e Lezíria do Ribatejo, 2.345, 3.193 e 1.950 habitantes por médico dentista.
Mais jovens e mais mulheres
Em 2021, a média de idades dos médicos dentistas com inscrição ativa em Portugal manteve-se nos 40 anos, apesar de cerca de 70% dos membros inscritos (ou 8.514 médicos dentistas) terem até 45 anos.
O peso dos membros de sexo feminino no total de membros da OMD atingiu 61,6%, com a taxa de feminização a crescer todos os anos, tendo atingido 160%. Uma percentagem que é ainda mais acentuada nas camadas mais jovens: entre os médicos dentistas com 30 anos ou menos, 73% são mulheres.
O número de alunos a frequentar as sete escolas que formam médicos dentistas continua a aumentar. Em 2021, 3.840 estudantes frequentavam o mestrado integrado em medicina dentária, mais 69 que em 2020 e mais 436 que há cinco anos.
Miguel Pavão, bastonário da OMD, considera que “o mercado de trabalho nacional está com uma cada vez maior saturação, originando uma progressiva precarização e desvalorização da profissão e o aumento dos fluxos migratórios para exercício da profissão em outros países, nomeadamente dos mais jovens. Apesar do aumento consistente do número de profissionais inscritos na Ordem, num contexto complexo que vivemos, aumentam as dificuldades económicas de acesso à Saúde Oral, por uma parte cada vez maior dos portugueses, pelo que se torna urgente encontrar mecanismos que salvaguardem a saúde dos portugueses e o acesso à mesma”.