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Projeto europeu liderado pela Universidade de Coimbra recebe mais de 2 milhões para estudar violência laboral

estudo sobre violência

Identificar e compreender as causas da violência baseada no género e da violência no trabalho e, consequentemente, promover soluções e ferramentas para prevenir comportamentos violentos e discriminatórios são os objetivos centrais do projeto Building Respectful and Violence-free Gender-inclusive Environments in the World of Work (BRAVE-WOW), liderado pela Universidade de Coimbra (UC).

O projeto de investigação, em curso até 31 de outubro de 2027, vai ser financiado com mais de dois milhões de euros no âmbito do programa Citizens, Equality, Rights and Values, da Comissão Europeia, que nesta chamada vai apoiar projetos que tenham a missão de lutar contra a violência baseada no género e contra as crianças.

A equipa de investigação do BRAVE-WOW vai estudar a violência no trabalho em organizações do setor da saúde, como hospitais, lares de idosos e centros de cuidados primários, em quatro países, Eslovénia, Espanha, Itália e Portugal. A decisão de estudar em concreto esta área prende-se com o facto “de ser uma das áreas profissionais mais expostas à violência de género no trabalho”, explica a docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), Leonor Pais, que coordena o projeto.

Da investigação à aplicação prática

Ao longo dos próximos dois anos e meio, a equipa de investigação vai fazer recolha e análise de informação sobre o contexto europeu, considerando as diversas áreas que se relacionam com a temática da violência em contexto laboral, como raça, classe, orientação sexual, deficiência, género, entre outras.

A partir desta análise, o consórcio vai adotar uma abordagem participativa e inclusiva, através da realização de grupos focaisentrevistas e mesas-redondas com diversas partes interessadas e envolvidas na temática, incluindo trabalhadores, gestores e profissionais de recursos humanos, e vai desenvolver também análise de sentimento nas redes sociais, com o intuito de levantar informações veiculadas nestas plataformas por trabalhadores e entidades empregadoras.

Com base neste trabalho de campo, a equipa de investigação vai criar ferramentas, como o Questionário de Violência de Género no Trabalho, que vai ser aplicado em organizações de saúde na Eslovénia, Espanha, Itália e Portugal para testar a sua eficácia junto de profissionais de saúde, gestores e inspetores do trabalho. “Esta ferramenta pretende melhorar a compreensão e a prevenção da violência e do assédio no local de trabalho e será complementada pelo Questionário de Trabalho Decente”, avança Leonor Pais.

Entre as atividades do projeto estão também uma campanha de comunicação à escala europeia para a prevenção da violência no trabalho e o desenvolvimento de uma plataforma para a disseminação de resultados e para a formação de profissionais e gestores. Os resultados da investigação vão ser também dirigidos a decisores políticos, uma vez que se pretende definir linhas orientadoras para a promoção do trabalho digno e da igualdade de género e para o combate à violação de direitos humanos em contexto laboral.

O projeto BRAVE-WOW vai ainda criar uma comunidade europeia de práticas para prevenir o assédio e a discriminação no contexto laboral à escala europeia, que vai potenciar a partilha de conhecimento e de boas-práticas.

Os envolvidos no projeto

Atualmente, “a violência de género no trabalho não é devidamente identificada e, por isso, pouco reportada”, destaca a docente da FPCEUC. Assim, “são necessárias novas abordagens a este fenómeno que permitam entender as suas causas. Isso passa pela revisão da informação já existente e pela promoção de novas intervenções capazes de estimular mudanças estruturais no longo prazo”, acrescenta.

O projeto junta 19 organizações dos quatro países parceiros. Em Portugal, além da UC, conta com a participação da Universidade de Évora, da SHINE2Europe, da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, da Autoridade para as Condições de Trabalho e da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central.

A Universidade de Barcelona, a Fundação para a Promoção da Investigação Científica Aplicada e Tecnologia nas Astúrias, o Serviço de Saúde do Principado das Astúrias, a Fundação CTIC – Centro Tecnológico para o Desenvolvimento das Tecnologias da Informação nas Astúrias e o Departamento de Saúde do Principado das Astúrias são as entidades parceiras em Espanha.

Já em Itália, os parceiros são o Instituto Nacional de Saúde, o Instituto Nacional de Seguros de Acidentes de Trabalho, o Instituto de Internamento e Serviços de Assistência ao Idoso e a Fundação Rigel ET. As entidades beneficiárias na Eslovénia são o Centro Médico Universitário Maribor, o Ministério da Saúde e a Associação de Enfermeiras e Parteiras da Eslovénia.

 

Crédito imagem: iStock

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