Porque é que algumas pessoas estão frequentemente insatisfeitas ou descontentes, levando-as a adotar comportamentos de risco, como o consumo de álcool e drogas, a ingestão de comida em excesso ou o vício do jogo? Parecendo que não, a resposta pode estar relacionada com a esperança.
Segundo uma nova pesquisa realizada pela Universidade de East Anglia, em Inglaterra, ser-se uma pessoa esperançosa pode ajudar a evitar a adoção de comportamentos de risco, contribuindo para uma vida mais feliz e otimista.
“Acho que a maioria das pessoas, em algum momento das suas vidas, já teve de lidar com a privação relativa. Este é um sentimento de infelicidade com a sorte que se tem, levando-nos a crer que a nossa situação é pior do que a das outras pessoas”, explica Shahriar Keshavarz, investigador da Escola de Psicologia da Universidade de East Anglia.
Porém, apesar de a privação relativa estar associada a emoções negativas, como é o caso da raiva, e à tendência para a adoção de comportamentos de risco, a verdade é que “nem todas as pessoas com este quadro fazem escolhas de vida erradas”.
Assim, os investigadores desta Universidade britânica reuniram um grupo de 55 voluntários para descobrir porque é que determinadas pessoas lidam melhor com estas emoções negativas, enquanto outras encontram um escape em vícios preocupantes, como é o caso do jogo.
Mais esperança, menos risco
Ao existirem muitos fatores que comprovam que permanecer esperançoso diante as adversidades pode ser vantajoso, os investigadores levaram a cabo uma primeira experiência que pretendia induzir sentimentos de privação relativa, fazendo com que os participantes se sentissem mais carentes face aos seus pares.
Além disso, procuraram também fomentar a participação em jogos viciantes, que se encontravam desenhados para assumir riscos e fazer apostas com dinheiro real.
Já uma outra experiência propôs-se a analisar se a esperança tinha algum impacto no vício do jogo. Assim, ao avaliar o nível de esperança dos participantes, os investigadores descobriram que 27% não tinham problemas de jogo, 38% tinham um nível moderado de problemas, levantando algumas consequências negativas, e 9% eram jogadores problemáticos, com uma possível perda de controlo.
“Quando olhamos para estes resultados, descobrimos que o aumento da esperança está associado a uma menor probabilidade de perder o controlo no jogo”, refere o investigador.
Assim, para Keshavarz, estes resultados não deixam margem para dúvidas, comprovando a tese de que “a esperança pode ajudar as pessoas a sentirem-se mais felizes com a sua vida e a protegê-las contra comportamentos de risco”.