Uma equipa da Universitat Politècnica de València (UPV), em Espanha, desenvolveu uma nova ‘app’ que facilita a monitorização contínua da qualidade de vida das pessoas com cancro.
A aplicação, batizada de Lalaby, permite que o dia-a-dia dos doentes seja monitorizado a partir das informações recolhidas por sensores localizados no telemóvel e noutras fontes nele armazenadas, que facilitam o cálculo da sua atividade física (movimento), interação social (frequência de voz) e atividade na web (quantidade de dados usados).
Além disso, pode incorporar questionários usados para avaliar a qualidade de vida, permitindo também ao doente registar diretamente as atividades que realiza (tarefas domésticas, higiene pessoal, ver TV…), os seus sintomas (vómitos, falta de ar, cansaço…) e o nível de dor.
“Para orientar os doentes na sua interação com a ‘app’, o Lalaby inclui um sistema de notificação que os alerta para quais as informações que devem relatar num determinado momento e os direciona, com um clique, para o ecrã que devem usar para esse fim”, acrescenta Ángel Sánchez García, investigador do grupo BDSLab do Instituto ITACA de Tecnologias de Informação e Comunicação da UVP.
A partir de todas essas informações, a ‘app’ pode deduzir padrões de comportamento do utilizador e relacioná-los com indicadores de qualidade de vida. “Esses padrões podem ser de grande ajuda, por exemplo, para monitorizar possíveis alterações no humor, na atividade, nos sintomas, etc. de pessoas que estão a iniciar o tratamento do cancro, fornecendo assim aos médicos informações que podem ser mais valiosas para ajudá-los a tomar as melhores decisões possíveis para o dia-a-dia dos doentes”, explica Juan Miguel García-Gómez, diretor do grupo BDSLab.
Entre os aspetos mais marcantes da aplicação, além de incorporar e registar todas as informações do doente para que os médicos possam consultá-lo no painel da ‘app’, estão o seu design gráfico centrado no utilizador e o seu carácter intuitivo, o que torna a Lalaby “muito mais fácil de usar e aceitar”, destaca Sabina Asensio-Cuesta, investigadora do grupo BDSLab.
Das vantagens da monitorização contínua, a equipa da UPV destaca que facilita a observação da evolução dos doentes com cancro durante o curso do tratamento oncológico ativo, quando é fundamental a tomada de decisões visando a manutenção da sua funcionalidade e qualidade de vida.
Além dos doentes oncológicos, a Lalaby pode também ser adaptada para estudar a qualidade de vida de pessoas com enxaqueca ou sintomas crónicos de Covid-19, entre outras patologias.
“A ‘app’ permite relacionar os dados armazenados pelos telemóveis com questionários usados para avaliar essas e outras doenças crónicas, e é daí que vem o seu potencial”, refere Sabina Asensio-Cuesta.