Foi uma estreia e não uma estreia qualquer. O tratamento inovador, realizado esta semana no IPO do Porto, pode mesmo dar esperanças a doentes com cancro do sangue, em que se incluem as leucemias e os linfomas, sem alternativa de tratamento.
Trata-se de uma intervenção com recurso à terapia genética de células CAR T, uma resposta inovadora na área do cancro do sangue, individualizada, que registou taxas de sucesso elevadas, nomeadamente em doentes em que o transplante não foi bem-sucedido.
Um tratamento que surge no âmbito de um programa de acesso precoce, aprovado pelo Infarmed, e vai abranger até oito doentes.
Para além do IPO do Porto, também o Instituto Português de Oncologia de Lisboa está credenciado para a realização desta terapia pioneira, “constituindo este mais um sinal de que o Serviço Nacional de Saúde está a garantir o acesso às tecnologias da saúde mais inovadoras”, lê-se na informação divulgada para o efeito.
A terapia consiste na retirada ao doente de linfócitos T, ou seja, as células que defendem o organismo de agentes desconhecidos, como as células cancerosas. Células que são depois modificadas em laboratório, para que sejam mais expeditas no combate à doença.
Nesta fase, estão em avaliação dois tratamentos com recurso a esta tecnologia, estando o custo da terapêutica a rondar os 350 mil euros por doente, embora ainda esteja em curso o processo de avaliação farmacoeconómica.
Com a submissão do primeiro processo de avaliação para tratamento com células CAR T em Portugal, foi criado um grupo de trabalho constituído pelo Infarmed, Direção-Geral da Saúde e a Coordenação Nacional das Doenças Oncológicas e Registo Oncológico Nacional, que definiu os critérios clínicos necessários e aprovou os centros de tratamentos com esta tecnologia, ou seja, o IPO de Lisboa e o do Porto.