Rui Mesquita, fundador da Future Healthcare Consulting, fala sobre os desafios subjacentes à procura por cuidados de saúde.
Todos nós já adoecemos e precisámos de recorrer a um serviço de saúde. O primeiro desafio é identificarmos que necessitamos de recorrer a um serviço de saúde.
O segundo desafio é que o profissional de saúde a quem recorremos, seja num serviço de urgência, o médico de medicina geral e familiar ou o enfermeiro da linha saúde 24, consiga iniciar adequadamente o diagnóstico da nossa condição médica.
E se o médico de família, ou até mesmo o especialista a quem recorremos em primeiro lugar, necessitar da opinião e ajuda de outro ou outros especialistas para o diagnóstico ou para o tratamento? Assim surge o terceiro desafio, às vezes até partilhado pelo médico: identificar efetivamente o especialista a quem devemos recorrer.
Isto é um desafio porque o sistema não está organizado por condições médicas, ou seja, centrado no doente. O sistema está antes organizado por unidades de saúde familiar, hospitais públicos, hospitais privados. E dentro do hospital por serviços ou departamentos.
O que é fundamental para centrar os cuidados de saúde no valor para o doente?
1 – Em vez de departamentos ou serviços, as instituições de saúde necessitam ser reorganizadas por unidades funcionais focadas em condições médicas.
2 – Estas Unidades devem prestar os cuidados fundamentais ao diagnóstico e tratamento dessa condição médica. Devem ainda tornar todo o processo de cuidados de saúde ágil, desde a prevenção à reabilitação, nomeadamente através de parcerias com os prestadores a montante a jusante.
3- O mapeamento do processo de cuidados de saúde a prestar, deverá servir de base para a alocação dos profissionais de saúde necessários, sem esquecer quem coordene os cuidados de saúde do doente e quem garanta a medição adequada dos resultados em saúde e dos custos por condição médica. Servirá ainda como base de alocação de equipamentos, medicamentos e outras tecnologias de saúde necessárias ao processo de cuidados de saúde em causa.
4 – Definir e praticar cuidados de saúde adequados à condição médica do doente, com respeito pela sua individualidade e escolhas, assim como considerando e ajudando os seus cuidadores.
Com base nestes princípios adicionamos valor ao doente. O valor para os doentes traduz-se pelos resultados em saúde por cada euro gasto na prestação desses mesmos cuidados.
Para avaliarmos valor em saúde temos que medir: (1)os resultados em saúde dos doentes com a condição médica de foco. Mas medir os resultados que têm impacto real na vida dos doentes; e (2) o custo efetivo da prestação de cuidados de saúde da condição médica em questão. Adiciona-se valor melhorando os resultados em saúde para os doentes e mantendo ou reduzindo o custo dos cuidados de saúde a prestar.