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Falta de conhecimento sobre endometriose por parte do público e médicos atrasa o diagnóstico

endometriose
Imagine que sofre de um problema médico doloroso e debilitante durante anos, mas aqueles à sua volta dizem que é normal. Quando finalmente decide visitar um médico, ele não a leva a sério. Esta é a experiência de muitas mulheres com endometriose, de acordo com os resultados de um estudo recente.

Publicado na revista Diagnosis de De Gruyter, o trabalho investigou os fatores que afetam o diagnóstico de endometriose. Realizado por investigadores do Radboud University Medical Center, na Holanda, dá voz a histórias de mulheres que sugerem que a falta de conhecimento e compreensão sobre a doença, por parte dos próprios pacientes, parentes e médicos, contribui para atrasos significativos no diagnóstico.
 
A endometriose é uma das condições ginecológicas mais comuns, com sintomas que incluem dor pélvica, infertilidade, períodos dolorosos e dor durante o sexo. Sintomas debilitantes, que costumam levam à diminuição da qualidade de vida e da produtividade. 
 
A maioria dos trabalhos sobre endometriose feitos até agora tem-se concentrado no desenvolvimento de novos tratamentos e na compreensão da doença que, embora útil, não contempla um dos principais problemas enfrentados pelas doentes, que é a demora em obter um diagnóstico, tem ainda é pouco estudado.
 
Para resolver esta situação, os especialistas pediram a mulheres com endometriose que participassem em focus groups para discutir como obtiveram o seu diagnóstico. Surpreendentemente, as mulheres relataram que o tempo médio desde o início dos sintomas até ao diagnóstico foi de 8,5 anos. É muito tempo para sentir sintomas angustiantes sem ajuda ou reconhecimento.
 
Mas porque terá sido tão demorado? As mulheres destacaram alguns motivos principais. O primeiro é a falta de conhecimento sobre menstruação e endometriose. Algumas mulheres pensaram que os seus sintomas faziam parte da menstruação normal e algumas foram informadas por familiares, sobretudo pelas mães, que os seus sintomas eram normais e que teriam que aprender a viver com eles. Em alguns casos, as participantes suspeitaram que as suas mães também tinham endometriose não diagnosticada e normalizaram os sintomas debilitantes.
 
Outro grande problema surgiu quando as mulheres finalmente visitaram o seu médico para relatar os sintomas. Em muitos casos, os médicos não reconheceram os sintomas comuns da endometriose e alguns encaminharam as mulheres para a especialidade médica errada ou forneceram tratamento inadequado ou intermitente. Muitas acharam que os médicos não as levavam a sério e descartavam os seus sintomas.
 
As inquiridas sugerem que aumentar a consciencialização sobre a endometriose entre o público e a classe médica melhoraria a jornada diagnóstica para quem tem a doença. Também expressaram a necessidade de serem levadas a sério e reconhecidas por médicos e familiares na divulgação dos seus sintomas.

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