Os adultos com perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) correm um maior risco de desenvolver uma série de doenças relacionadas com a idade: demência, hipertensão arterial e diabetes tipo 2. Ao mesmo tempo, são muito poucos os adultos a quem hoje é dado este diagnóstico, apesar dos sintomas, mostra uma nova tese de doutoramento da Universidade de Örebro, na Suécia.
Os indivíduos com PHDA, que surge normalmente na infância, mas pode persistir até uma idade mais avançada, debatem-se com sintomas de desatenção, com ou sem hiperatividade e impulsividade simultâneas.
“Um número considerável de adultos com 50 anos ou mais apresenta níveis elevados de sintomas de PHDA. Mas muitos deles não receberam um diagnóstico ou tratamento”, afirma Maja Dobrosavljevic, que obteve recentemente o seu doutoramento em medicina na Universidade de Örebro.
As conclusões baseiam-se em dados de registos internacionais e estudos comunitários de mais de 20 milhões de indivíduos, incluindo 41.000 indivíduos com um diagnóstico de perturbação de hiperatividade e défice de atenção.
“Uma das razões pelas quais muitas pessoas idosas não são diagnosticadas é o facto de os sintomas serem frequentemente confundidos com o processo natural de envelhecimento ou com as fases iniciais da demência”, afirma.
A tese mostra também que os adultos com perturbação de hiperatividade e défice de atenção correm um risco maior de desenvolver uma série de doenças relacionadas com a idade, como a demência, a hipertensão arterial, a insuficiência cardíaca, o acidente vascular cerebral, a diabetes tipo 2 e a obesidade.
“As pessoas com PHDA apresentavam um risco significativamente mais elevado de desenvolver demência e perturbações cognitivas ligeiras, o que afetava a sua capacidade de recordar, absorver e processar informação”, refere Maja Dobrosavljevic.
Além disso, outras perturbações psiquiátricas e o abuso de substâncias aumentaram o risco de as pessoas com esta perturbação desenvolverem doenças cardiovasculares. “Isto é algo que os médicos poderão ter de considerar em combinação com outros fatores de risco de doença cardiovascular, como o tabagismo, a hipertensão arterial e a diabetes.”
Melhorar a vida de quem tem PHDA
Atualmente, sabemos muito pouco sobre o envelhecimento com perturbação de hiperatividade e défice de atenção. Mesmo os adultos com sintomas ligeiros podem desenvolver vários problemas de saúde e ter dificuldades significativas na sua vida quotidiana.
“Aumentar a sensibilização para a perturbação de hiperatividade e défice de atenção neste grupo etário é importante porque permite um diagnóstico correto e um tratamento adequado para mais pessoas. Desta forma, podemos evitar que desenvolvam problemas de saúde graves mais tarde”, aponta a especialista.
Para os adultos com TDAH, Maja Dobrosavljevic refere que se está a “tentar ajudá-los a criar hábitos alimentares saudáveis, a dormir melhor, a aumentar a sua atividade física, a deixar de fumar ou a receber tratamento para o potencial abuso de drogas ou álcool”.