É preciso fazer mais pelos sobreviventes de AVC com depressão, uma vez que as novas descobertas mostram que 60% dos sobreviventes de AVC sofrerão de depressão no prazo de 18 anos, uma estimativa muito mais elevada do que a de estudos anteriores, defende um grupo de investigadores.
Dados que se comparam com 22% da população em geral que sofre de depressão no mesmo período de tempo.
O estudo do King’s College de Londres, publicado na revista The Lancet Regional Health – Europe, também revelou que 90% dos casos de depressão ocorreram no prazo de cinco anos após o acidente vascular cerebral, o que indica um período-chave para a intervenção dos cuidados de saúde.
Embora a depressão pós-AVC seja comum após o AVC e esteja associada a uma capacidade funcional deficiente e a um aumento da mortalidade, o estudo concluiu que a depressão grave tendia a ocorrer mais cedo após o AVC, tinha uma duração mais longa e recorria mais rapidamente do que a depressão ligeira.
Yanzhong Wang, professor de Estatística em Saúde Populacional no King’s College de Londres, considera que “a depressão é comum nos sobreviventes de AVC, mas a nossa investigação mostra que persiste durante muito mais tempo do que se pensava anteriormente. Sabemos que a depressão pode limitar a mobilidade de um sobrevivente de AVC, incluindo coisas simples como andar e segurar objetos, e pode também aumentar o risco de morte”. Com o envelhecimento da população, “é essencial planearmos o aumento da procura de cuidados de saúde para fazer face ao aumento previsto de casos de AVC”.
“A qualidade de vida é importante para os sobreviventes de AVC, pois há provas de que os sobreviventes deprimidos têm uma taxa de sobrevivência reduzida”, defende o autor correspondente, Lu Liu.
“Há muitas razões para isso, incluindo perturbações na vida social do sobrevivente, redução da capacidade física e perturbações inflamatórias observadas em doentes deprimidos. Deve ser dada mais atenção clínica aos doentes com depressão que se prolonga por mais de um ano, devido ao elevado risco de depressão persistente.”