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Estudo mostra que diabetes potencia o surgimento e expansão da resistência aos antibióticos

diabetes e a resistência aos antibióticos

A questão da resistência aos antibióticos não é nova, um tema que gera cada vez mais preocupação à medica que crescem as multirresistências. Um dos principais responsáveis pelas mortes associadas à resistência aos antibióticos e uma das principais causas de infeção, o Staphylococcus aureus é ainda a infeção bacteriana mais prevalente nas pessoas com diabetes mellitus. Agora, os microbiologistas Brian Conlon e Lance Thurlow, da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, descobririam que o controlo inadequado da glicose nestes doentes pode criar um ambiente favorável à proliferação bacteriana e ao desenvolvimento de mutações resistentes.

Os resultados, publicados na revista Science Advances, mostram como o ambiente microbiano diabético produz mutações resistentes, ao mesmo tempo que sugerem formas através das quais a resistência aos antibióticos pode ser combatida nesta população de doentes.

“Verificámos que a resistência aos antibióticos surge muito mais rapidamente em modelos diabéticos do que em modelos não diabéticos da doença. Esta interação entre as bactérias e a diabetes pode ser um dos principais impulsionadores da rápida evolução e disseminação da resistência aos antibióticos que estamos a observar”, explica Brian Conlon.

O papel da glicose

A diabetes afeta a capacidade do corpo de controlar um tipo de açúcar, a glicose, provocando acumulação excessiva de glicose na corrente sanguínea. O estafilococo alimenta-se destes elevados níveis de açúcar, o que lhe permite reproduzir-se mais rapidamente. A bactéria também pode crescer sem consequências, uma vez que a diabetes prejudica a capacidade de o sistema imunitário destruir as células e controlar as infeções.

À medida que o número de bactérias aumenta numa infeção diabética, aumenta também a probabilidade de resistência. Aparecem mutações aleatórias e algumas desenvolvem resistência aos antibióticos.

“O Staphylococcus aureus é especialmente adequado para tirar partido deste ambiente diabético”, afirma Thurlow. “Quando acontece esta mutação resistente, tem-se excesso de glicose e não se tem o sistema imunitário para eliminar o mutante, que toma conta de toda a população bacteriana numa questão de dias.”

Impacto da resistência aos antibióticos além da diabetes

Estas novas descobertas deixam muitas perguntas, mas os especialistas acreditam que a evolução da resistência aos antibióticos nas pessoas com diabetes pode significar problemas para a população em geral. As estirpes de bactérias resistentes aos antibióticos propagam-se de pessoa para pessoa da mesma forma que outras bactérias e vírus – no ar, nas maçanetas e nos alimentos que ingerimos – o que faz com que a prevenção deste tipo de infeções seja uma grande prioridade.

O importante é a prevenção. E, aqui, os estudos de Conlon e Thurlow mostraram que a redução dos níveis de açúcar no sangue em modelos diabéticos (através da administração de insulina) privou as bactérias do seu combustível, mantendo os seus números sob controlo e reduzindo as hipóteses de ocorrência de mutações resistentes aos antibióticos.

As suas descobertas sugerem que controlar o açúcar no sangue através do uso de insulina pode ser fundamental para prevenir a resistência aos antibióticos.

“A resistência e a sua propagação não estão apenas associadas à prescrição de medicamentos, mas também ao estado de saúde de quem toma antibióticos”, disse Conlon. “Controlar a glicemia torna-se então realmente importante.”

Crédito imagem: Unsplash

 

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