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Profissionais de nutrição em Portugal pedem orientações mais claras sobre alternativas lácteas

alternativas lácteas à base de plantas

Um inquérito realizado pelo Conselho Europeu de Informação Alimentar (EUFIC) revela um forte e crescente apoio entre os profissionais de nutrição em Portugal às alternativas lácteas à base de plantas, como bebidas e iogurtes feitos de leguminosas (por exemplo, soja), aveia, frutos secos (por exemplo, amêndoas), arroz ou coco, com 93% a concordar que estas alternativas podem fazer parte de uma dieta saudável. Além disso, 76% apoiam a inclusão das mesmas nas orientações alimentares nacionais e, destes, 62% mostram-se favoráveis ​​à inclusão apenas de alternativas enriquecidos com micronutrientes.

À medida que o interesse pela alimentação à base de plantas continua a aumentar em Portugal e em toda a Europa, compreender como as alternativas lácteas à base de plantas contribuem para uma dieta saudável e sustentável torna-se cada vez mais relevante, tanto para os consumidores como para os profissionais de saúde.

Embora o apoio seja forte, as perceções divergem quanto ao valor nutricional destas opções, ao seu papel específico na dieta, ao impacto ambiental e ao nível de processamento, destacando a importância de orientações e comunicação mais claras para fundamentar recomendações informadas.

Os dados deste inquérito permitem confirmar que a maioria dos especialistas concorda que as alternativas lácteas à base de plantas são isentas de lactose (94%) e colesterol (60%) e reconhece que o seu valor nutricional depende do tipo de planta utilizada (90%).

A fortificação é vista como essencial: 96% dos profissionais de nutrição acreditam que estas alternativas lácteas devem ser fortificados com vitaminas e/ou minerais, salientando que o forte apoio a estes produtos depende da sua fortificação.

A comparação nutricional com os produtos lácteos varia: embora a maioria (66%) considere as opções à base de plantas nutricionalmente equivalentes aos produtos lácteos, sobretudo quando fortificadas, alguns consideram-nas inferiores (23%) ou superiores (9%), ou não sabem (2%).

Ao rodo, 40% dos profissionais de nutrição recomendariam as opções à base de plantas para aumentar a diversidade alimentar ou para satisfazer as preferências de sabor e textura. No entanto, a maioria dos especialistas refere o controlo da intolerância à lactose ou das alergias aos produtos lácteos (96%) ou ainda o apoio a dietas veganas e à base de plantas (86%) como as principais razões.

A sustentabilidade ambiental é importante, tanto que um terço (32%) dos inquiridos acredita que estas alterativas lácteas são mais ecológicas do que os produtos lácteos e aqueles que partilham esta opinião são mais propensos a apoiar a inclusão destes produtos nas diretrizes alimentares nacionais.

No que diz respeito ao preço e ao sabor, embora a maioria dos profissionais de nutrição reconheça os benefícios das alternativas lácteas à base de plantas para a saúde, muitos (68%) acreditam que são mais caras do que os produtos lácteos.

As opiniões sobre o sabor são variadas, com 41% a discordar da afirmação de que são menos saborosas do que os produtos lácteos.

Quanto às perceções sobre estes produtos, variam amplamente no que diz respeito ao valor nutricional, processamento, impacto ambiental e fortificação, destacando a necessidade de uma educação mais clara. Por exemplo, apesar de 80% das alternativas lácteas à base de plantas no mercado português estarem fortificadas com micronutrientes essenciais, como o cálcio e a vitamina D, os profissionais de nutrição estimaram este número em 52%, em média, com estimativas a variar entre os 20% e os 100%.

Apelo a orientações mais claras

“Os consumidores procuram cada vez mais opções à base de plantas que promovam a saúde e a sustentabilidade. Estas descobertas demonstram que os profissionais de nutrição estão alinhados com esta mudança, mas também destacam a necessidade de informações claras e baseadas em evidências para orientar as decisões diárias”, afirma Katerina Palascha, investigadora sénior do EUFIC.

Este inquérito indica que as perceções sobre o nível de fortificação das alternativas lácteas à base de plantas em Portugal, o valor nutricional em comparação com os lacticínios e o consumo pessoal moldam significativamente as atitudes dos profissionais de nutrição em relação à recomendação destes produtos. O que sublinha a importância de orientações acessíveis e atualizadas para ajudar os consumidores a navegar nas suas escolhas e a adotar dietas equilibradas e baseadas em evidências.

 

Crédito imagem: Unsplash

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