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Publicadas primeiras recomendações do mundo com foco no sofrimento associado à diabetes

diabetes e bem-estar

A Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD) finalizou o rascunho das suas primeiras recomendações de prática clínica baseadas na evidência, que têm como foco a avaliação e gestão do sofrimento causado pela doença entre adultos com diabetes tipo 1 e tipo 2.

As diretrizes foram desenvolvidas em conformidade com as normas internacionalmente reconhecidas e contaram com a participação das pessoas com experiência vivida com diabetes tipo 1 e tipo 2, cujos contributos ajudaram a moldar as questões clínicas, a interpretação da evidência e a formulação das recomendações, garantindo que a orientação final está fundamentada nas necessidades e prioridades reais dos adultos com a doença.

Apostolos Tsapas, especialista da Universidade Aristóteles de Tessalónica, na Grécia, e presidente do Comité de Supervisão das Guidelines da EASD, considera que “a publicação destas primeiras guidelines é um marco para a associação e para a comunidade internacional da diabetes. Avaliar e controlar o sofrimento causado pela diabetes é tão essencial como avaliar e controlar os níveis de glicose – e é este reconhecimento que torna a presente guideline tão importante tanto para a prática clínica como para a investigação futura que visa melhorar a vida das pessoas com esta doença”.

As principais recomendações

Reconhecendo a carga emocional da diabetes como um componente crítico do tratamento, a norma fornece Declarações de Boas Práticas para a avaliação de rotina do sofrimento causado pela diabetes e recomendações baseadas em evidências para o seu tratamento.

Os profissionais de saúde são encorajados a perguntar e avaliar rotineiramente o sofrimento causado pela diabetes durante as consultas, recomendando-se a discussão do lado emocional associado a este problema de saúde em todas as consultas, com recurso a perguntas abertas e ferramentas de avaliação válidas e fiáveis.

A monitorização regular é recomendada como parte do ciclo anual de tratamento, com os resultados registados nos registos clínicos e discutidos abertamente com a pessoa com diabetes.

Nos casos em que é identificado sofrimento, os profissionais de saúde devem trabalhar em conjunto com o indivíduo para definir os próximos passos, garantindo que o apoio de acompanhamento é personalizado e centrado na pessoa.

As recomendações apoiam a utilização de intervenções psicológicas e psicoeducativas para reduzir o sofrimento causado pela doença, com orientações específicas que variam de acordo com o tipo de diabetes e a categoria de intervenção. Embora ainda existam lacunas na investigação, a orientação destaca o valor do apoio estruturado, que abrange desde as terapias psicológicas ao apoio entre pares e às intervenções baseadas na tecnologia, na melhoria do bem-estar emocional e do autocuidado.

Um marco no tratamento da diabetes

O lançamento desta orientação marca um ponto de viragem no reconhecimento e na abordagem dos desafios emocionais associados à vida com a doença. Embora os grandes avanços no tratamento e na tecnologia tenham transformado o tratamento, muitas pessoas continuam a enfrentar uma carga emocional e psicológica significativa na gestão das exigências da doença.

“Estamos orgulhosos que a EASD tenha escolhido o tema do sofrimento relacionado com a diabetes para a sua primeira guideline clínica baseada na evidência. Esta decisão reafirma a importância da saúde emocional, juntamente com a saúde física, para as pessoas com diabetes”, refere Richard Holt, professor da University of Southampton & University Hospital Southampton NHS Foundation Trust, no Reino Unido.

Jane Speight, do Centro Australiano de Investigação Comportamental em Diabetes, espera “que esta orientação capacite os profissionais de saúde para avaliar e abordar rotineiramente a carga emocional de viver com esta doença, melhorando, em última análise, os resultados para adultos com diabetes tipo 1 e tipo 2 em toda a Europa e além”.

“Apesar dos enormes avanços nas terapias e tecnologias, a carga emocional não diminuiu – e, para muitos, aumentou. Esta orientação reconhece esta realidade, lembrando-nos que um bom tratamento da doença deve abordar tanto os níveis de glicose como a experiência vivida na gestão da doença”, acrescenta Chantal Mathieu, presidente da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes.

 

Crédito imagem: Unsplash

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