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Dados sobre 250 metabolitos revelam novas formas de prever e prevenir doenças

análise de matebolitos

O UK Biobank tornou público o conjunto final de dados sobre quase 250 metabolitos – as moléculas presentes no nosso sangue, produzidas pelo nosso organismo ao longo da vida – em meio milhão de voluntários. E porque é que isto é importante? Porque conclui o maior estudo metabolómico alguma vez realizado, que ajudará os investigadores a prever quem tem maior risco de desenvolver doenças e a direcionar as estratégias de tratamento para problemas neurológicos, doenças cardíacas e cancro.

Após 50.000 horas de medição de metabolitos no sangue, que incluem açúcares, gorduras e aminoácidos, esta versão final dos dados metabolómicos está agora disponível para investigadores aprovados pelo UK Biobank em todo o mundo. Estes dados representam uma parte dos milhares de metabolitos que circulam no nosso organismo, mas, quando combinados com a sequenciação do genoma completo e os dados proteómicos do UK Biobank, acrescentam a próxima peça do puzzle para ajudar os investigadores a identificar a causa da doença de um indivíduo.

Naomi Allen, cientista-chefe do UK Biobank, explica que “os metabolitos são pequenas moléculas produzidas quando o corpo decompõe os alimentos que ingerimos, o ar que respiramos e os medicamentos que tomamos. O estudo dos metabolitos preenche a lacuna entre a saúde e a doença, permitindo aos investigadores compreender melhor os processos biológicos que os dados genéticos ou proteicos, por si só, podem não detetar. Estudar os metabolitos é uma forma poderosa de revelar novos sinais de alerta de doenças, compreender como as doenças começam e evoluem e monitorizar a eficácia dos tratamentos”.

Estes dados metabolómicos foram disponibilizados a investigadores autorizados desde 2021 e a investigação que usou aqueles que já eram existentes permitiu descobertas científicas, incluindo um teste sanguíneo capaz de refletir o risco de um indivíduo desenvolver doenças comuns, como a diabetes tipo 2; novas formas de prever e prevenir futuras doenças cardíacas, identificando milhares de pessoas no Reino Unido, num período de 10 anos, que beneficiariam substancialmente de um tratamento precoce; compreender como o nosso metabolismo e microbioma intestinal podem atuar em conjunto para impactar o risco de depressão e ainda “relógios metabolómicos”, que podem indicar como a nossa idade biológica difere da nossa idade cronológica, ajudando-nos a compreender quem tem maior risco de vir a ter problemas de saúde mais tarde na vida.

“Estes dados metabolómicos representam o próximo elo na cadeia da oferta incomparável de dados do UK Biobank para cientistas que procuram melhorar a saúde pública”, refere Sir Rory Collins, investigador principal e Diretor Executivo do UK Biobank.

“Quando combinados com a informação genética, proteómica e de imagem, estes dados abrem uma nova dimensão de descoberta, permitindo aos cientistas estudar os efeitos combinados de genes, proteínas e fatores ambientais na nossa saúde, fornecendo-nos novas perspetivas sobre o estado em tempo real de um paciente.”

Em conjunto com os dados do UK Biobank sobre a saúde e o estilo de vida de meio milhão de voluntários, estes dados metabolómicos impulsionarão a investigação sobre:

  • Previsão de risco – a metabolómica pode complementar a utilização da genética na previsão de doenças futuras, ajudando a identificar aqueles que mais beneficiariam com diagnósticos precoces e tratamentos preventivos.
  • Mecanismos de doença – juntamente com os dados de sequenciação do genoma completo, estes dados metabolómicos podem ser utilizados para mostrar como as alterações genéticas podem ter impacto nos níveis de certos metabolitos e se isso atrasa ou acelera a progressão da doença.
  • Descoberta de medicamentos – a identificação de vias metabólicas ligadas a doenças fornece às empresas farmacêuticas informações sobre estas doenças que de outra forma não teriam, reduzindo os custos de desenvolvimento e aproximando os medicamentos eficazes dos doentes.
  • Indícios sobre o impacto do envelhecimento e do ambiente – compreender porque é que os nossos órgãos envelhecem a ritmos diferentes e como os fatores ambientais, como a poluição do ar, impactam a saúde.

“Existe uma galáxia de metabolitos dentro do corpo. Ter dados metabolómicos na escala do UK Biobank, juntamente com a sua gama diversificada e crescente de informações sobre meio milhão de voluntários, cria um estudo de coorte único no qual os cientistas podem fazer descobertas”, afirma Michael Inouye, professor Genómica de Sistemas e Saúde Populacional na Universidade de Cambridge.

“Estou ansioso por trabalhar com a minha equipa nestes novos dados metabolómicos e tenho a certeza de que irão melhorar a nossa capacidade de identificar pessoas com alto risco de doença, para que os médicos possam intervir precocemente e promover vidas mais longas e saudáveis.”

Um segundo momento de recolha de dados

Para cerca de 20.000 dos 500.000 participantes do UK Biobank, foi também analisada uma segunda amostra de sangue, recolhida aproximadamente cinco anos após a primeira. Este conjunto adicional de dados metabolómicos permitirá aos investigadores examinar como as alterações nos níveis de metabolitos impactam o risco de desenvolvimento de uma série de doenças crónicas, como as doenças cardíacas e a diabetes tipo 2.

 

Crédito imagem: Unsplash

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