Capacitar organizações de pais e famílias para a prevenção do risco de dependências entre os jovens é o objetivo de um projeto da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e do IREFREA Portugal – Instituto Europeu de Investigação de Fatores de Risco de Crianças e Adolescentes, que vai formar cerca de 60 pais e uma dezena de agentes-chave (profissionais ligados à prevenção de comportamentos de risco).
Empowering parents organizations to prevent substance use (EPOPS) é o nome da iniciativa, que vai decorrer até ao fim do próximo ano e que visa acautelar um perigo que afeta adolescentes e jovens, impedindo ou atrasando a idade de início do consumo de substâncias como o álcool, assim como os comportamentos de risco associados. Isto através do desenvolvimento de um conjunto de habilidades que permitam aos pais, por exemplo, estabelecer algum tipo de controlo do comportamento do adolescente, fixar normas e limites, ou aplicar disciplina através da negociação.
“Tem sido demonstrado que a ignorância sobre as atividades dos filhos, falta de supervisão, dificuldade para estabelecer normas de comportamento, ausência de regras claras sobre o funcionamento familiar, inabilidade de recompensar ou castigar adequadamente, ausência ou imposição extrema ou irracional da disciplina, envolvem risco aumentado de comportamento desviante”, afirmam em comunicado Ana Perdigão e Irma Brito (ESEnfC).
O projeto, cofinanciado por fundos europeus, consiste na adaptação e avaliação-piloto do programa espanhol Ferya (Familias en red y activas) em dois países europeus: Portugal e Alemanha. Além da ESEnfC e do IREFREA Portugal, colaboram no projeto o Instituto Europeo de Estudios en Prevención (Espanha), a entidade coordenadora, a Federació d’Associacions de Pares i Mares d’Alumnes de Mallorca (Espanha) e o Leibniz-Insitut für Präventionsforschung und Epidemiologie (Alemanha).
Os pais, capacitados como agentes proativos, atuarão, depois, como disseminadores que ampliarão a prevenção a três níveis: familiar, comunitário (envolvendo outros pais, promovendo programas baseados em evidências na escola para estudantes e famílias) e sociopolítico (introduzindo mudanças ambientais voltadas para a prevenção do álcool e drogas.)
Maioria dos jovens portugueses já consumiu álcool
De acordo com o relatório European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs, do European Monitoring Centre on Drugs and Drug Addiction (2016), 71% de um conjunto de 3.456 jovens portugueses inquiridos (com uma média de idades de 15,9 anos) já tinham consumido álcool, 42% referiam ter consumido nos últimos 30 dias e 9% confirmaram uma embriaguez nesse período.
O mesmo estudo aponta, ainda, que 9% destes jovens consumiram cannabis nos últimos 30 dias, 74% usam as redes sociais diariamente e 18% dos rapazes jogaram a dinheiro nos últimos 12 meses.