A saúde dos filhos, ou a falta desta, pode afetar a vida profissional dos pais, com reflexos mesmo nos resultados financeiros de uma empresa. Mas qual o impacto da vida profissional dos pais na saúde dos filhos? A resposta surge agora, em forma de estudo, que garante que a primeira influencia a segunda.
Publicado na revista Journal of Occupational Health Psychology, o trabalho, realizado por investigadores da Universidade de Houston, nos EUA, revela que a saúde dos filhos tem uma probabilidade menor de ser afetada negativamente quando os pais sentem uma sensação de controlo sobre suas as vidas profissionais.
“Se, em vez de uma imposição, puder decidir como vai fazer o seu trabalho, isso é melhor para as crianças”, confirma Christiane Spitzmueller, professora de psicologia organizacional naquela instituição.
A boa notícia, segundo a mesma fonte, é que existem coisas que as organizações podem fazer para dar aos seus funcionários um sentimento de controlo.
Sentimentos de autonomia fazem a diferença
O estudo recolheu dados de pais e filhos em Lagos, na Nigéria, oriundos de famílias com rendimentos mais baixos e mais altos. Às crianças e adolescentes de ambos os grupos foram feitas entrevistas nas escolas e pedidos para que avaliassem a sua própria saúde.
Christiane Spitzmueller acredita que estas descobertas podem ser aplicadas à realidade dos países ocidentais, uma vez que as famílias mais ricas tinham níveis de educação, rendimentos e expectativas de vida familiar semelhantes às dos países ditos mais desenvolvidos.
Apesar das diferenças económicas, as respostas de um e do outro grupo não diferiam muito, o que significa que os recursos económicos não são assim tão importantes para esta equação.
Em vez disso, os sentimentos de autonomia no local de trabalho faziam a diferença entre as famílias em que os conflitos de trabalho dos pais se traduziam em problemas de saúde para as crianças e aqueles cujos filhos se encontravam melhor.
“Se um pai tem muitos fatores de stress, reduz o seu autocontrolo”, refere a investigadora. E o autocontrolo dos pais estava ligado a melhores resultados de saúde para as crianças. Por outras palavras, a forma como se lida com as crianças quando os níveis de stress são altos é diferente de quando os pais se encontram bem.
Medidas e políticas de apoio precisam-se
O impacto é mais acentuado quando a intensidade do trabalho é alta e a autonomia baixa. Algo que leva os especialistas a falar na necessidade de possíveis intervenções e políticas para resolver o problema.
Algumas são relativamente simples, como ensinar os pais a perder alguns minutos para recarregar energias antes de mergulharem na paternidade.
Outras dependem das empresas e das organizações, que têm também um papel a desempenhar, nomeadamente a promoção da autonomia no trabalho.