
As mulheres diagnosticadas com anorexia nervosa têm um risco cinco (500%) vezes maior, em média, de ter bebés com baixo peso, revela um novo estudo, apresentado na 38ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
Mas há mais. De acordo com o mesmo estudo, o risco é ainda substancialmente aumentado (298%) para um parto prematuro e mais que duplica a probabilidade (341%) de descolamento prematuro da placenta, isto quando se compara com as mães sem anorexia.
Ido Feferkorn, especialista da McGill University, no Canadá, é o responsável por este estudo, realizado com base em dados de mais de nove milhões de mulheres com e sem anorexia, um distúrbio psiquiátrico grave, caracterizado por fome e desnutrição.
Feferkorn descreve estas descobertas feitas sobre a incidência de recém-nascidos pequenos para a sua idade gestacional como “chocantemente maior” quando comparada com os resultados para os filhos de mulheres com peso saudável, o que, para este especialista, configura uma mensagem de saúde séria sobre a gestão destas doentes durante e após a gravidez.
“Muitos especialistas em fertilidade enfrentam o dilema de tratar mulheres desnutridas. Ou, recusando-se a fazê-lo, possivelmente impedem estes doentes da alegria da maternidade. As clínicas devem estar cientes da magnitude dos resultados adversos associados à gravidez entre mulheres com anorexia que concebem”, alerta.
A importância do diagnóstico da anorexia
Os distúrbios alimentares podem ter um impacto na menstruação, mas as mulheres com anorexia concebem naturalmente ou com a ajuda de medicamentos de fertilidade para estimular a ovulação.
No entanto, estes dados mostram os resultados adversos associados à gravidez nas mulheres com estes problemas, revelando ainda que têm um maior risco de vir a sofrer de outro problema psiquiátrico além do transtorno alimentar, sendo superior a probabilidade de serem fumadoras, terem doença da tiroide ou terem mais rendimentos.
Não foi, no entanto, encontrada nenhuma diferença nas taxas de outras doenças que podem afetar as mulheres na gravidez, como hipertensão, diabetes gestacional, placenta prévia, hemorragia pós-parto e infeção bacteriana corioamnionite (infeção das membranas e do líquido amniótico). A necessidade de cesariana não foi maior do que nas mulheres sem diagnóstico de anorexia.
Um trabalho que, segundo o médico que o liderou, serve para alertar para a importância de uma avaliação das mulheres para determinação da existência de anorexia antes do tratamento de fertilidade, o que as evidências atuais sugerem que a maioria dos médicos não consegue fazer.