
A atividade física matinal está associada ao menor risco de doença cardíaca e AVC, confirma um estudo em mais de 85.000 pessoas, publicado no European Journal of Preventive Cardiology, uma revista da Sociedade Europeia de Cardiologia.
“Está bem estabelecido que o exercício é bom para a saúde do coração, e o nosso estudo agora indica que a atividade física matinal parece ser mais benéfica”, refere a autora do estudo, Gali Albalak, do Centro Médico da Universidade de Leiden, na Holanda.
“As descobertas foram particularmente pronunciadas em mulheres e aplicadas tanto a madrugadores como às corujas noturnas.”
O estudo incluiu 86.657 adultos, com idades entre 42 e 78 anos, livres de doença cardiovascular no início do mesmo, que usaram um medidor de atividade de pulso durante sete dias consecutivos.
Seis a oito anos de acompanhamento depois, 2.911 participantes tinham desenvolvido doença arterial coronária e 796 acidente vascular cerebral. Comparando os horários de pico de atividade física num período de 24 horas, ser mais ativo entre 8h00 e 11h00 foi associado aos menores riscos de doenças cardíacas e AVC.
Numa segunda análise, os investigadores dividiram os participantes em quatro grupos com base no horário de pico da atividade física: 1) meio-dia; 2) de manhã cedo (~8h00); 3) final da manhã (~10h00); e 4) à noite (~ 19h00). E fizeram associações entre esse horário e doença cardiovascular incidente.
Após o ajuste para idade e sexo, os participantes que eram mais ativos no início da manhã ou no final da manhã apresentaram riscos 11% e 16% menores de doença arterial coronária incidente em comparação com o grupo de referência. Além disso, aqueles que eram mais ativos no final da manhã tiveram um risco 17% menor de AVC em comparação com o grupo de referência.
Os resultados foram consistentes independentemente da quantidade total de atividade diária. E quando os resultados foram analisados separadamente, de acordo com o sexo, os especialistas descobriram que eram particularmente proeminentes nas mulheres, mas não mais significativos nos homens.
Ou seja, as mulheres que eram mais ativas no início ou no final da manhã apresentaram riscos 22% e 24% menores de doença arterial coronária, em comparação com o grupo de referência. Além disso, as que eram mais ativas no final da manhã tiveram ainda um risco 35% menor de acidente vascular cerebral em comparação com o grupo de referência.
“Este foi um estudo observacional e, por isso, não podemos explicar porque é que as associações foram mais acentuadas nas mulheres”, refere Albalak.
“As nossas descobertas aumentam as evidências sobre os benefícios para a saúde de ser fisicamente ativo, sugerindo que a atividade física matinal, e sobretudo aquela ao final da manhã, pode ser a mais vantajosa. É muito cedo para um conselho formal que dê prioridade ao exercício matinal, pois esse é um campo de investigação bastante novo. Esperamos, no entanto, que um dia seja possível refinar as recomendações atuais simplesmente adicionando uma linha: ‘ao fazer exercício, é aconselhável fazê-lo pela manhã’.”