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O Hotel da Gripe, onde os hóspedes têm de ficar doentes

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E se lhe oferecessem qualquer coisa como 2.500€ para passar umas noites num hotel? Por certo iria desconfiar e, neste caso, com razão. É que, para além da estadia, a oferta faz-se acompanhar pela possibilidade de… ficar com gripe.

A ideia é da Universidade de Saint Louis (USL), nos EUA, que decidiu transformar uma das suas instalações num ‘hotel’ com 24 quartos, destinados a receber voluntários que serão intencionalmente expostos ao vírus da gripe. O objetivo? A investigação de vacinas que ajudem a evitar a doença.

Como parte integrante dos Institutos Nacionais de Saúde, a USL é uma das nove unidades de avaliação de vacinas nos Estados Unidos, estudando vacinas destinadas a proteger contra doenças infecciosas e infeções emergentes.

“A USL investiu aqui porque esta é uma maneira importante de contribuir para o desenvolvimento de uma vacina contra a gripe universal”, explica Daniel Hoft, diretor do Centro de Desenvolvimento de Vacinas da USL.

Estudos de desafio em humanos

As instalações vão permitir a realização de estudos sobre a doença em seres humanos, diferentes dos ensaios clínicos porque, explica Hoft, “os estudos de desafio humano são uma maneira de obter muita informação mais rapidamente, com um número menor de voluntários e com custo menor do que um estudo de vacinas tradicional”.

Tradicionalmente, as pessoas são vacinadas e verificados os seus sistemas imunitários, que respondem criando anticorpos que combatem a gripe.

“Num estudo de desafio humano, nós vacinamos as pessoas, depois desafiamos deliberadamente os seus corpos, expondo-os à gripe, para ver se ficam doentes.”

Nestes casos, os voluntários do estudo, em forma de hóspedes, recebem ou uma vacina, ou placebo, e são intencionalmente expostos a uma estirpe do vírus da gripe. São depois colocados em quarentena ao longo de 10 dias, tempo durante o qual são observados e lhes são feitos exames ao sangue e aos pulmões, para confirmar se estão infetados. 

Em busca de uma vacina universal

Segundo Hoft, estas são instalações perfeitas para a investigação no caminho de uma vacina universal contra a doença, que é uma das prioridades do governo federal norte-americano.

Atualmente, as vacinas são desenhadas para proteger apenas contra uma estirpe da gripe, aquela que os investigadores preveem que vai estar em circulação em cada ano. Isso significa que são necessárias novas vacinas todos os anos.

Uma vacina contra a gripe universal seria capaz de proteger as pessoas de muitas estirpes de gripe, incluindo das pandemias.

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