O mais recente estudo sobre cancro colorretal demonstra que a taxa de incidência está a aumentar nos jovens adultos e adultos (entre 25 e 49 anos), em todo o mundo. Os investigadores da Sociedade Americana contra o Cancro descobriram que este tipo de cancro aumentou em 27 de 50 países, dos quais 20 têm aumentos exclusivos ou muito rápidos para a população entre 25 e 49 anos. Por outro lado, a taxa de incidência em adultos com 50 ou mais anos tem-se mantido estabilizada.
Enquanto estudos anteriores demonstraram uma taxa de incidência elevada apenas em países ocidentais desenvolvidos, atualmente, “o aumento de cancro colorretal em idades precoces é um fenómeno global”, explica Hyuna Sung, cientista em oncologia e autora principal do estudo. Esta tendência demonstra “a necessidade de ferramentas inovadoras para prevenir e controlar cancros relacionados com hábitos alimentares, inatividade física e excesso de peso”, acrescenta.
Para combater esta situação, Hyuna Sung defende que é necessário “esforços contínuos para identificar os fatores desencadeadores e desenvolver estratégias de prevenção eficazes adaptadas às gerações mais jovens e aos recursos de cada país”.
Assim, é preciso aumentar a consciencialização desta tendência e dos sintomas deste tipo de cancro, sangramento retal, dor abdominal, hábitos intestinais alterados e perda de peso inexplicável, com o objetivo de diagnosticar e tratar precocemente.
Tendências atuais da incidência de cancro colorretal
Este estudo pretendia compreender as tendências atuais da incidência de cancro colorretal em adultos jovens comparativamente com os adultos mais velhos, com recurso a entrevistados nascidos entre 1943 e 2017 de 50 países.
Durante a última década, a taxa de incidência de cancro colorretal em idades precoces (entre 25 e 49 anos) foi estável em 23 países, mas aumentaram em 27 países, com os maiores aumentos anuais na Nova Zelândia, Chile e Porto Rico. Por outro lado, 14 dos 27 países apresentaram taxas de incidência estáveis ou até mesmo decrescentes em adultos mais velhos.
O estudo comprova ainda que o aumento do cancro colorretal em idades jovens foi mais rápido em homens do que em mulheres no Chile, Porto Rico, Argentina, Equador, Tailândia, Suécia, Israel e Croácia, enquanto as mulheres jovens tiveram aumentos mais rápidos na Inglaterra, Noruega, Austrália, Turquia, Costa Rica e Escócia.
Nos últimos cinco anos, a taxa de incidência de cancro colorretal em pessoas jovens foi mais alta na Austrália, Porto Rico, Nova Zelândia, EUA e República da Coreia (14 a 17 por 100.000) e mais baixa em Uganda e Índia (4 por 100.000).
Considerado “um problema global”, para compreender as causas deste aumento em idades mais jovens, Hyuna Sung acredita que são necessárias mais pesquisas, como o projeto PROSPECT, que recebeu financiamento para descobrir o que leva ao aumento do cancro do intestino em adultos mais jovens e estratégias para o prevenir.
Como é que o cancro colorretal se desenvolve?
A maioria dos cancros colorretais começa com o crescimento de pólipos, pequenos altos que aparecem no revestimento interno do cólon ou reto. O aparecimento de pólipos são frequentemente comuns em idades mais avançadas, mas são benignos e não cancerígenos. No entanto, alguns tipos de pólipos podem transformar-se em cancro e são esses casos que devem ser identificados e tratados precocemente, para melhorar o prognóstico da doença.