Com a crescente popularidade dos influenciadores de beleza e das rotinas virais de cuidados com a pele, as redes sociais estão a desempenhar um papel fundamental na definição da forma como as pessoas cuidam da sua pele. Tendências populares como ‘glass skin’ [aspeto pele de vidro], a manicura russa e a terapia caseira da luz vermelha despertaram a atenção generalizada, mas quão seguras e eficazes são? Dermatologistas da Academia Americana de Dermatologia esclarecem as dúvidas.
“As redes sociais tornaram definitivamente as pessoas mais conscientes sobre a importância dos cuidados com a pele e da manutenção de uma pele saudável”, refere Samantha Karlin, dermatologista em Covington, Los Aangeles. “O que é importante lembrar é que nem todas as tendências são adequadas para todos os tipos de pele e algumas podem até ser prejudiciais e causar danos.”
Manicura Russa
É uma tendência que se está a tornar cada vez mais popular no TikTok, mas que pode ser problemática. Também conhecida como manicura seca ou sem água, a manicura russa ignora a etapa habitual de imersão das unhas, explica a médica.
Em vez disso, é utilizada uma lima elétrica para limpar, modelar e trabalhar a unha e a cutícula. A ideia é retirar a pele à volta da unha e da cutícula para deixar as unhas compridas e colocar verniz por baixo da cutícula para fazer com que a manicura dure mais tempo.
“Alerto os meus pacientes contra este tipo de técnica de cuidado das unhas, porque a cutícula atua como uma barreira protetora e não foi concebida para ser violada”, acrescenta a médica. “Remover a cutícula coloca-o em risco de infeção por bactérias e fungos. Em particular, depois das manicuras russas, tendemos a ver pessoas com paroníquia, um tipo de infeção que faz com que a pele em redor da unha fique inflamada, dorida e descolorada.”
Glass Skin, nova tendência de cuidados com a pele
A glass skin (pele de vidro), que teve origem na Coreia do Sul, é uma tendência de cuidados com a pele que mantém a pele com um aspeto suave, claro e sem poros, refere a dermatologista. O truque é manter a pele o mais hidratada possível para aumentar a renovação das células e otimizar a hidratação, minimizando o surgimento de rugas.
Os passos para conseguir este look incluem o uso de um produto de limpeza suave, um sérum hidratante, um hidratante e esfoliante, ao mesmo tempo que se protege a pele com protetor solar.
“Certos aspetos da tendência da glass skin, como hidratar a pele e usar um protetor solar de largo espetro resistente à água com FPS 30 ou superior, são passos positivos para melhores hábitos de cuidado da pele”, refere a médica.
“Mas a aparência da pele de vidro pode não ser realista para todos, e algumas pessoas podem correr o risco de usar demasiados produtos, o que pode levar a problemas como poros obstruídos, irritação e erupções cutâneas. É por isso que é importante pensar em tudo com moderação ao personalizar a sua rotina de cuidados com a pele e lembrar-se que os dermatologistas podem ajudar a recomendar uma rotina de cuidados com a pele que funcione melhor para o seu tipo de pele.”
Terapia de Luz Vermelha
A terapia da luz vermelha utiliza luz vermelha ou infravermelha próxima para tratar problemas de pele como rugas, manchas da idade e flacidez da pele, bem como condições como queda de cabelo e acne, explica Amit Om, dermatologista na Carolina do Norte.
Os dispositivos domésticos de luz vermelha estão a tornar-se cada vez mais populares entre os influenciadores das redes sociais, à medida que as pessoas recorrem a máscaras e painéis para tratar os seus problemas de pele. Ao contrário da luz ultravioleta (UV), que pode causar cancro de pele, a investigação não descobriu que a luz vermelha o pudesse fazer.
“Os dermatologistas recomendam frequentemente a terapia da luz vermelha, juntamente com tratamentos como cremes medicamentosos ou peelings químicos para tratar os sinais de envelhecimento”, refere o médico. “Para ajudar a manter os resultados após um tratamento em consultório, o seu dermatologista pode recomendar o uso de um dispositivo caseiro.”
No entanto, é necessária mais investigação para determinar exatamente quão eficazes são estes dispositivos em termos de cuidados com a pele. “Alguns estudos demonstraram que, com tratamentos repetidos, é possível que a luz vermelha volte a fazer crescer o cabelo ao longo do tempo, mas é importante notar que existem muitas causas para a queda de cabelo e, para algumas dessas causas, ainda não sabemos se esta opção ajuda a reverter com sucesso a queda de cabelo.”
Os efeitos secundários, se existirem, são geralmente ligeiros, refere o especialista, referindo que algumas pessoas sentem dor ligeira ou irritação na pele após o tratamento. “Se está a pensar utilizar um dispositivo de luz vermelha em casa, recomendo que consulte primeiro um dermatologista, que poderá falar consigo sobre a sua saúde geral e quais os resultados que espera alcançar.”
Em última análise, é mais seguro consultar um médico em vez de experimentar tendências de cuidados com a pele que podem representar riscos. “Embora algumas destas tendências possam parecer inofensivas ou mesmo benéficas, muitas vezes não têm nenhuma ciência real por detrás delas e podem acabar por causar danos à pele ou outros problemas de saúde.”