O projeto NOVIRUSES2BRAIN, que tem como objetivo desenvolver medicamentos exclusivos para erradicar várias espécies virais no sistema nervoso central, nomeadamente, no cérebro, vai passar a estudar o SARS-CoV-2 a convite da Comissão Europeia.
O pedido vem na sequência da descoberta de que alguns dos doentes infetados com COVID-19 perdem o olfato e o paladar, direta ou indiretamente, o que significa que o vírus afeta as células nervosas.
Segundo Miguel Castanho, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM), Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e líder do projeto, o principal objetivo será “conferir aos pacientes de COVID-19 a possibilidade de terem medicação que os proteja não apenas dos vírus circulantes no sangue, mas também dos vírus que se possam alojar no cérebro”.
SARS-CoV-2 na lista de vírus estudados
“Desde cedo que se suspeitou que o SARS-CoV-2 atinge o Sistema Nervoso Central, porque muitos pacientes de COVID-19 perdem o sentido do olfato e do paladar. Estudos recentes vieram não só confirmar que o SARS-CoV-2 atinge o cérebro, como pode causar danos neurológicos sérios em alguns pacientes”, refere o especialista.
É adianta, “o que se passa com o vírus da Dengue. Portanto, é lógico que utilizemos as estratégias que estávamos a desenvolver contra o vírus de Dengue ao vírus SARS-CoV-2”.
Assim, a equipa que coordena irá debruçar-se sobre esta investigação, sem esquecer os objetivos iniciais do projeto, até porque, relembra Miguel Castanho, “o risco de outras epidemias, como Zika ou Dengue, é real e não podemos baixar a guarda. Juntaremos mais esforço humano, estudando em paralelo o SARS-CoV-2. Juntamos este vírus, causador da COVID-19 à lista de prioridades, mas não substituímos prioridades”.
Recorde-se que o projeto NOVIRUSES2BRAIN recebeu um financiamento de 4,2 milhões de euros, no ano passado, no âmbito do mecanismo de financiamento europeu FETOPEN.