
As dietas inadequadas, com escassez de vegetais e frutas, são uma das principais causas de deficiências de micronutrientes e doenças crónicas em todo o mundo. Enquanto os citrinos são conhecidos pela vitamina C e as folhas verdes pelo folato, as culturas do tipo brássicas, em que se incluem os brócolos, couve-de-bruxelas, nabo ou repolho, fornecem um espetro mais amplo de nutrientes, alguns que combatem o cancro, antioxidantes como os carotenoides e minerais essenciais, como o cálcio e o selénio. Apesar do seu cultivo global e importância económica, estas hortícolas são frequentemente subestimadas nas políticas focadas na nutrição e nas escolhas dos consumidores. Mas são cada vez mais as evidências que sugerem que as brássicas podem servir como intervenções naturais e acessíveis contra as deficiências nutricionais e as doenças crónicas não transmissíveis.
Uma nova revisão da Faculdade de Horticultura da Universidade Agrícola de Hebei, na China, e instituições colaboradoras, fornece a visão geral mais abrangente até à data sobre os compostos nutricionais e promotores da saúde presentes nas hortícolas do género Brassica. E destaca o seu papel na prevenção de doenças crónicas, assim como explora métodos, incluindo práticas agronómicas, melhoramento genético convencional e engenharia metabólica, para aumentar o seu valor nutricional.
Os especialistas consideram as Brassicas “alimentos funcionais” e apelam a uma atenção renovada a estas culturas como ferramentas essenciais para melhorar a saúde alimentar em todo o mundo.
A revisão detalha os vários nutrientes presentes nas Brassicas e os seus impactos na saúde:
- os glicosinolatos, abundantes nos brócolos, couve-de-bruxelas e repolho, produzem compostos biologicamente ativos, como o sulforafano e o indol-3-carbinol, que apresentam fortes propriedades anticancerígenas;
- as vitaminas, incluindo a vitamina C, o folato, a vitamina E e a vitamina K, contribuem para a defesa antioxidante, a absorção de ferro e a saúde óssea;
- os carotenoides como a luteína e o β-caroteno auxiliam na função ocular e na resiliência imunitária;
- as antocianinas presentes nas variedades roxas proporcionam benefícios neuroprotetores e cardioprotetores;
- minerais como o cálcio, o potássio e o selénio aumentam a resistência óssea e reduzem os riscos de hipertensão e de certos tipos de cancro.
O estudo examina também como os métodos de confeção e o processamento dos alimentos influenciam a retenção de nutrientes, mostrando que cozinhar a vapor ou combinar brássicas com óleos pode maximizar a sua biodisponibilidade.
“As hortícolas Brassica representam um dos recursos alimentares mais promissores, mas subutilizados, para a melhoria da saúde pública”, afirmam os autores do estudo. “A sua rica combinação de vitaminas, minerais e compostos bioativos proporciona uma proteção natural contra doenças crónicas que vão desde o cancro às doenças cardiovasculares. O que torna estas culturas únicas é a oportunidade de aumentar ainda mais o seu valor através do melhoramento genético, da biofortificação e da engenharia metabólica. Aproveitar este potencial pode transformar hortícolas comuns, como os brócolos e a couve, em atores-chave nas estratégias globais de segurança nutricional.”
Os resultados enfatizam o potencial das hortícolas Brassica para servirem como intervenções acessíveis e de baixo custo no combate às deficiências nutricionais globais e à carga de doença.
Com a crescente procura dos consumidores por alimentos funcionais, as Brassicas oferecem uma alternativa atraente aos suplementos sintéticos. Além da saúde pessoal, incorporar mais brássicas nas dietas pode reduzir os custos com a saúde e contribuir para atingir metas globais em segurança alimentar, agricultura sustentável e melhoria da saúde pública.