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Doenças associadas à menopausa são um novo desafio

mulher na menopausa

“A mulher já vive hoje 30 anos em menopausa e, na área da ginecologia, as patologias a ela associadas vão ser cada vez mais importantes.” Daniel Pereira da Silva, especialista em ginecologia e presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, não tem dúvidas que o desafio demográfico vai implicar alterações na especialidade. No Women’s Health Symposium, falou na “oportunidade”, colocada pela menopausa, para continuar a seguir, de forma rotineira, as mulheres, rotina que, nessa altura, “até diminui”.

No encerramento da 2ª edição do Women’s Health Symposium, que reuniu mais de 250 especialistas de várias áreas médicas envolvidas na saúde feminina, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, estiveram em debate estes e outros desafios que o futuro reserva àqueles que continuam a ser “os médicos que acompanham as mulheres.

“Com o declínio das terapias hormonais vejo cada vez mais atrofias na mulher e no casal, vejo a questão da perda involuntária de urina e vejo também alterações importantes na área da obstetrícia”, explicou.

“Outra área que já é, e vai continuar a ser, cada vez mais importante é a da reprodução. Não dou mais de 10 anos para que seja um direito das mulheres a estimulação aos 25 anos e a recolha de ovócitos, guardados para serem usados mais tarde, quando a mulher entender.”

O impacto da Inteligência Artificial na medicina

A mudança dos comportamentos sexuais vai exigir, considera o especialista, cada vez mais à ginecologia, assim como os avanços que, mais do que o futuro, representam já, em muitos casos, o presente. “A Medicina será das profissões mais afetadas pela Inteligência Artificial”, defendeu.

“O que está à porta em termos, por exemplo, de vigilância permanente da gravidez, com dispositivos que se colocam no abdómen e pulso e o que isto significa, em termos de oportunidade e desafios para as grávidas e para os ginecologistas/obstetras é fantástico!”

Ainda sobre a questão da gravidez falou-se, no simpósio, da importância do primeiro trimestre de gestação como sendo o momento mais importante para a prevenção e deteção das condições que afetam a gravidez, sendo este momento uma janela de oportunidade para intervenções precoces e potencialmente mais benéficas para a mãe e feto.

Aqui, as grandes inovações passam pela possibilidade de detetar as principais alterações cromossómicas no feto (como a trissomia 21), com uma sensibilidade de praticamente 100%, ao analisar o ADN do feto que circula no sangue na mãe, poupando a realização de procedimentos de diagnósticos como a amniocentese.

Medicina cada vez mais “mecanizada”

Ao nível da cirurgia, Daniel Pereira da Silva destaca as mudanças sofridas num passado recente, como “a laparoscopia e a cirurgia robótica, que nos apresentaram uma nova anatomia, com pequenos vasos e nervos que antes não respeitávamos porque simplesmente não os conseguíamos ver. É um mundo novo”.

A questão da pressão a que são submetidos os especialistas foi também realçada na conversa que encerrou o simpósio. De acordo com o especialista, esta pressão vem da parte do sistema, que exige cada vez mais dos médicos, em menos tempo, mas também dos doentes, “que pressionam pela própria informação que têm cada vez mais”. E considera que, de uma “medicina humanista”, vai passar-se para uma “cada vez mais mecanizada, tanto no diagnóstico, como na decisão terapêutica”.

O Women’s Health Symposium, uma iniciativa da Roche, contou com a presença de especialistas nacionais e internacionais e teve enfoque especial no rastreio ao cancro do colo do útero e na pirâmide de cuidados na gravidez, incluindo o rastreio da trissomia 21 e o rastreio da pré-eclâmpsia.

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