Um estudo realizado pela Universidade de Birmingham, no Reino Unido, confirma que a doença periodontal (gengivas) aumenta o risco de outras doenças, incluindo problemas de saúde mental.
Os especialistas realizaram um estudo pioneiro com os registos de 64.379 pessoas com uma história registada de doença periodontal, incluindo gengivite e periodontite (um problema que ocorre se a doença gengival não for tratada e pode levar à perda de dentes), 60.995 dos quais com gengivite e 3.384 com periodontite, dados que foram comparados aos de 251.161 pessoas sem registo de doença periodontal.
E descobriram que as pessoas com histórico de doença periodontal eram mais propensas a ser diagnosticados, no prazo de três anos, com doenças cardiovasculares, distúrbios cardiometabólicos (por exemplo, pressão alta, diabetes tipo 2), doenças autoimune condições (artrite, psoríase) e problemas de saúde mental (como depressão ou ansiedade).
Contas feitas, o risco de desenvolver doença mental é de mais 37% para quem tem problemas nas gengivas, enquanto o risco de desenvolver doença autoimune aumentou 33% e o risco de desenvolver doenças cardiovasculares 18%. No que diz respeito à probabilidade de um distúrbio cardiometabólico, essa subiu 7% (com o risco aumentado muito maior para a diabetes tipo 2, de 26%).
Joht Singh Chandan, especialista do Instituto de Investigação em Saúde Aplicada da Universidade de Birmingham, e um dos autores do estudo, considera que “a saúde oral precária é extremamente comum. Quando progride, pode levar a uma redução substancial da qualidade de vida. No entanto, até agora, não se sabia muito sobre a associação de problemas de saúde oral a muitas doenças crónicas, sobretudo problemas de saúde mental”.
Este que é “um dos maiores estudos epidemiológicos deste tipo até o momento”, mostra “evidências de que a doença periodontal parece estar associada a um risco aumentado de desenvolver doenças crónicas associadas. E como as doenças periodontais são muito comuns, um risco aumentado de outras doenças crónicas pode representar um fardo substancial para a saúde pública”.
Para Dawit Zemedikun, também autor do trabalho, “os resultados fornecem uma confirmação vital de evidências que anteriormente eram deficientes em força ou com lacunas – particularmente a associação entre problemas de saúde oral e nas gengivas e problemas de saúde mental”.
O que torna claro, segundo Krish Nirantharakumar, autor sénior do estudo, “a necessidade de comunicação eficaz entre dentistas e outros profissionais de saúde para garantir que os doentes têm um plano de tratamento eficaz visando a saúde oral e geral, para melhorar a sua saúde geral existente e reduzir o risco de doenças futuras”.
É ainda importante, salienta Devan Raindi, da Escola de Odontologia da Universidade de Birmingham, “a prevenção, identificação precoce e tratamento da periodontite e a necessidade de o público fazer exames de saúde oral regulares”.