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Estilos de vida pouco saudáveis responsáveis por 9 em cada 10 casos de pressão alta nas crianças

pressão alta

O sedentarismo, as dietas ricas em açúcar e sal e o excesso de peso são responsáveis ​​por nove em cada 10 casos de pressão alta nas crianças e adolescentes, mostra um artigo de especialistas em saúde do coração publicado no European Heart Journal, uma publicação da Sociedade Europeia de Cardiologia.

“Os pais são agentes significativos de mudança na promoção dos comportamentos de saúde das crianças”, afirma o primeiro autor do artigo, Giovanni de Simone, professor da Universidade de Nápoles Federico II, em Itália.

“Muitas vezes, a pressão alta e/ou obesidade coexistem na mesma família. Mas mesmo quando esse não é o caso, é desejável que as alterações ao estilo de vida envolvam todos os membros da família.”

As recomendações dietéticas para o tratamento da pressão alta e hipertensão arterial em crianças incluem o reforço do consumo de vegetais frescos, frutas e outros alimentos ricos em fibras, limitar a ingestão de sal e evitar bebidas açucaradas e gorduras saturadas.

As crianças e adolescentes devem fazer pelo menos uma hora de atividade física moderada a vigorosa todos os dias, como corrida, ciclismo ou natação, e não passar mais de duas horas por dia em atividades sedentárias. “Os pais devem monitorizar o tempo que os seus filhos passam a ver TV ou a usar smartphones e sugerir alternativas ativas”, refere o especialista.

Devem ser estabelecidas metas realistas para o peso, dieta e atividade física que se concentrem nos aspetos que precisam de mais melhorias. “Registar o peso, hábitos alimentares e exercícios ao longo do tempo – mas sem se tornar obsessivo – pode ajudar os jovens e as suas famílias a acompanhar o progresso em direção aos seus objetivos.”

Um “sistema de recompensa de promoção da saúde” é também recomendado. “Os incentivos ideais são aqueles que aumentam o apoio social e reforçam o valor de comportamentos direcionados, como um passeio de bicicleta em família ou uma caminhada com os amigos.”

Diagnóstico e tratamento da pressão alta nos mais pequenos

O documento refere-se à obesidade infantil e à hipertensão como “irmãos insidiosos”, que gradualmente se tornam um risco sério para a saúde. Estudos mostram que a hipertensão na infância está a tornar-se mais comum e que parte do aumento pode ser explicado pela obesidade, sobretudo a obesidade abdominal.

Estima-se que menos de 2% das crianças com peso normal sejam hipertensas, em comparação com 5% das que têm excesso de peso e 15% das obesas. “O aumento da hipertensão infantil é uma grande preocupação, pois está associado à persistência da hipertensão e outros problemas cardiovasculares durante a vida adulta”, reforça o professor.

O diagnóstico precoce da pressão arterial elevada é essencial para que possa ser controlado com alterações ao estilo de vida e, se necessário, medicamentos. Mesmo uma medição da pressão arterial por um médico ou enfermeiro pode identificar crianças com pressão alta, mas uma segunda consulta é recomendada para confirmação. “O rastreio deve ser realizado no ambiente de cuidados primários pelo menos anualmente, independentemente dos sintomas. Isso ocorre porque a hipertensão nas crianças, tal como nos adultos, é geralmente assintomática.”

Quando as medições da pressão arterial apontam para hipertensão, é necessário um histórico médico e exame físico para determinar as possíveis causas e identificar comportamentos que possam ser modificados.

Nas fases iniciais, o tratamento da hipertensão infantil deve concentrar-se na educação e na mudança de comportamentos. Se as metas de pressão arterial não forem alcançadas, um único medicamento de baixa dose deve ser introduzido. Se um medicamento for ineficaz, podem ser necessárias pequenas doses de dois medicamentos.

Os autores pedem aos órgãos de saúde pública que priorizem a prevenção e a gestão da pressão alta e hipertensão em crianças e adolescentes, por exemplo com campanhas para aumentar a sensibilização sobre os riscos da pressão alta em jovens e o impacto positivo de um estilo de vida saudável, incluindo atividade física, uma dieta nutritiva com baixo teor de sal e açúcar e não fumar.

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