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Novas evidências relacionam microplásticos com doenças crónicas

microplásticos

Os microplásticos, pequenos fragmentos de plástico, tornaram-se omnipresentes no nosso ambiente e nos nossos corpos. Algo que, revela um novo estudo, tem consequências. É que uma maior exposição a estas substâncias, que podem ser inadvertidamente consumidas ou inaladas, está associada a uma maior prevalência de doenças crónicas não transmissíveis.

Os investigadores, cujo trabalho foi apresentado na Sessão Científica Anual do Colégio Americano de Cardiologia, consideram que as novas descobertas se juntam a um pequeno, mas crescente, conjunto de evidências de que a poluição por microplásticos representa uma ameaça emergente para a saúde.

“Este estudo fornece evidências iniciais de que a exposição a microplásticos tem impacto na saúde cardiovascular, sobretudo nas doenças crónicas não transmissíveis, como hipertensão arterial, diabetes e AVC”, afirma Sai Rahul Ponnana, cientista de dados na Case Western Reserve School of Medicine, em Ohio, e principal autor do estudo.

“Quando incluímos 154 características socioeconómicas e ambientais diferentes na nossa análise, não esperávamos que os microplásticos estivessem entre os 10 primeiros na previsão da prevalência de doenças crónicas não transmissíveis.”

O que são os microplásticos

Os microplásticos, definidos como fragmentos de plástico com entre 1 nanómetro e 5 milímetros de diâmetro, são libertados à medida que pedaços maiores de plástico se decompõem. Provêm de muitas fontes diferentes, como embalagens de alimentos e bebidas, produtos de consumo e materiais de construção e as pessoas podem ser expostas através da água que bebem, dos alimentos que ingerem e do ar que respiram.

O estudo examina as associações entre a concentração destes em corpos de água e a prevalência de várias doenças em comunidades no litoral dos Estados Unidos, entre 2015 e 2019.

Para isso, os investigadores utilizaram um conjunto de dados, que classificaram a concentração de microplásticos nos sedimentos do fundo do mar como baixa (zero a 200 partículas por metro quadrado) a muito alta (mais de 40.000 partículas por metro quadrado).

Avaliaram, então, as taxas de hipertensão arterial, diabetes, AVC e cancro em 2019 e, através de um modelo de aprendizagem automática, conseguiram prever a prevalência destas doenças associada à concentração de microplásticos.

Os resultados revelaram que esta concentração estava positivamente relacionada com a hipertensão arterial, diabetes e AVC, ainda que o mesmo não se verificasse no caso do cancro.

Os resultados sugeriram ainda uma relação de dose, na qual concentrações mais elevadas de poluição por microplásticos estão associadas a uma maior prevalência de doenças. No entanto, os investigadores disseram que a evidência de uma associação não significa necessariamente que estes estejam a causar estes problemas de saúde. São necessários mais estudos para determinar se existe uma relação causal ou se esta poluição está a ocorrer juntamente com outro fator que leva a problemas de saúde, disseram.

São também necessárias mais pesquisas para determinar a quantidade de exposição ou o tempo que pode levar para que a exposição aos microplásticos tenha um impacto na saúde, se houver uma relação causal. No entanto, com base nas provas disponíveis, é razoável acreditar que os microplásticos podem desempenhar algum papel na saúde e devemos tomar medidas para reduzir as exposições.

Embora não seja viável evitar completamente a ingestão ou inalação de microplásticos quando estes estão presentes no ambiente, dada a sua omnipresença e tamanho reduzido, os investigadores disseram que a melhor forma de minimizar a exposição é reduzir a quantidade de plástico produzido e utilizado e garantir a eliminação adequada.

 

Crédito imagem: iStock

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