
Um novo estudo, publicado na revista médica britânica The Lancet, revela que o cérebro beneficia definitivamente da atividade física, que ajuda mesmo a combater o seu envelhecimento.
O treino de resistência e o bom condicionamento físico podem reduzir o risco de demência e promover o envelhecimento saudável do cérebro. “E nunca é tarde para começar”, diz Atefe R. Tari, o primeiro autor do estudo.
Os investigadores concluíram que mesmo pequenas quantidades de atividade física podem ser suficientes para proteger o cérebro envelhecido.
“Resumimos a investigação que indica claramente que o exercício não é apenas importante para o coração, mas também para o cérebro. A atividade física parece ser uma das medidas mais promissoras que temos para prevenir o declínio cognitivo e a demência”, refere Tari.
Atrasar o envelhecimento do cérebro
O artigo avaliou evidências de estudos com animais e humanos e mostra como a atividade física afeta a inflamação, o fluxo sanguíneo, a função imunitária, a plasticidade cerebral e a libertação de moléculas protetoras no sangue, processos que enfraquecem com a idade e contribuem para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.
“Estes são mecanismos que desempenham um papel importante no desenvolvimento da demência e do declínio cognitivo”, afirma o investigador do Cardiac Exercise Research Group, da Norwegian University of Science and Technology (NTNU), e já promoveram a ideia de que o microtreino — passar de nenhuma atividade para incorporar pequenas doses de treino na vida quotidiana — deve ser incluído nas recomendações das autoridades de saúde norueguesas.
Hoje, a recomendação é de, pelo menos, 150 minutos de intensidade moderada ou 75 minutos de alta intensidade por semana. “50 a 70% da população não consegue cumprir as atuais recomendações, refere Wisløff, outro dos autores deste trabalho.
Os investigadores sublinham, por isso, que praticar exercício muito menos do que o recomendado atualmente pode trazer grandes benefícios, desde que a intensidade do treino seja elevada. “Acreditamos que está na altura de as autoridades de saúde fornecerem orientações mais claras sobre a importância do exercício para o cérebro. A nossa revisão mostra que mesmo pequenas doses de atividade de alta intensidade, o equivalente a uma caminhada rápida sem que se consiga cantar, podem reduzir o risco de demência até 40%”, afirma Wisløff.
Nunca é tarde para começar
“As recomendações de hoje enfatizam a atividade total, mas mostramos que mesmo pequenas quantidades de exercício de alta intensidade têm um efeito no cérebro. Isto deveria ser comunicado de forma mais clara, porque pode ser isso o que motiva as pessoas a começar. Um pouco é melhor do que nada – e nunca é tarde para começar”, refere Tari.
À medida que a esperança de vida aumenta, o declínio cognitivo e a demência estão a tornar-se um grande desafio de saúde pública. E, tendo em conta a inexistência de uma cura, a prevenção é essencial.
“O exercício físico é barato, acessível e não tem efeitos secundários. Deve ser considerado uma medida de primeira linha para preservar a saúde do cérebro.”