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Jogo criado por portuguesas quer ‘Dar Voz aos Cuidadores’

jogo para cuidadores

É um jogo de tabuleiro, mas um jogo que vai além do propósito lúdico associado aos jogos. Este, desenvolvido por duas investigadoras do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, constitui uma nova estratégia de intervenção nas famílias com cuidadores de pessoas dependentes de qualquer idade, sejam crianças, adultos ou idosos.

O objetivo de ‘Dar Voz aos Cuidadores’ é que seja utilizado por famílias com cuidadores e por profissionais de saúde, como enfermeiros e assistentes sociais, que deverão assumir o papel de moderadores, em momentos-chave como a preparação da alta, as consultas de seguimento das pessoas dependentes e mesmo durante o internamento.

O que significa que pode ser usado em hospitais, Agrupamentos de Centros de Saúde e Unidades de Cuidados na Comunidade.

Um jogo que pode ser usado nos hospitais

Desenvolvido por Carla Sílvia Fernandes e Maria Manuela Martins, do CINTESIS, o jogo, que alia a melhor evidência científica à experiência profissional e pessoal das próprias autoras. 

“Jogar este jogo é como dar uma injeção, é uma técnica que poderá ser usada pelos enfermeiros”, refere Maria Manuela Martins, citada em comunicado.

“É ‘espetar’ na cabeça e no coração, uma mensagem. O conhecimento é transformado para deixar espaço à parte emocional. Nas estratégias mais conservadoras, passa o conhecimento puro e duro, mas isso não chega, provavelmente não vou ter o mesmo sucesso que teria se mexesse com as emoções das pessoas”, acrescenta.

De acordo com a especialista, “um jogo recria, deixa que o nosso imaginário se exteriorize, quer pelas palavras, quer pelas expressões não verbais, e isso será o foco da intervenção dos profissionais. Muitas vezes, surgem cumplicidades nunca expressas e segredos ocultos nas palavras e expressões dos cuidadores e dos familiares”.

Até porque, “quando jogam, as pessoas perdem um pouco a noção de que estão a falar de coisas sérias e acabam por abordar temáticas complexas que provavelmente não abordariam noutro contexto. O jogo trabalha muito bem a questão da comunicação, que nem sempre é fácil, e o reforço pelo lado positivo, evitando conflitos”, refere Carla Sílvia Fernandes.

Tarefas simples, com grande impacto

Tal como qualquer outro jogo de tabuleiro, também existem dados, que determinam os avanços, assim como existem casas, de diferentes cores (roxo, verde ou azul), às quais correspondem cartões.

As cartas roxas contêm questões para a família (por exemplo, “que tarefas associadas ao cuidador conseguiriam substituir?”), as azuis têm questões destinadas aos cuidadores (por exemplo, “qual o pior conselho que obteve ao lidar com este novo papel?”) e as verdes são sobre os profissionais de saúde (“como poderia o enfermeiro ajudar nesta situação?”).

Existem ainda casas especiais, de retrocesso e de ajuda. Nas casas de ajuda, o cuidador e a família podem obter um auxílio extra para fazer o percurso do tabuleiro, como institucionalizar a pessoa dependente durante algum tempo ou contratar alguém para desempenhar determinadas tarefas. 

No final do jogo, o cuidador recolhe um cartão com uma tarefa que a família será convidada a realizar no prazo indicado. As tarefas incluem, por exemplo, rever álbuns de família ou dar uma folga ao cuidador durante um dia.

“Parecem coisas muito simples, mas que têm um impacto muito grande na vida dos cuidadores”, refere Carla Sílvia Fernandes.

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