
As crianças caem, seja a jogar futebol, a andar de bicicleta ou simplesmente a correr. Esta é uma realidade confirmada por todos os pais. Na maioria das vezes, não é nada que um penso rápido, um pouco de gelo e um grande beijo resolvam. Mas há circunstâncias que envolvem lesões nos dentes e na boca. Até um terço das crianças e adolescentes sofrem o que é conhecido como “traumatismo dentário” em algum momento ao longo do seu crescimento, seja nos dentes de leite ou nos definitivos. É sobre o que fazer quando tal acontece que aqui se fala.
“Existem poucas verdadeiras emergências na medicina dentária. Um dente definitivo que é arrancado é uma delas”, afirma Zameera Fida, presidente do Departamento de Endodontia da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Tufts, nos EUA. E um dente tem mais probabilidades de ser recolocado se estiver fora da boca durante menos de uma hora, pelo que o tempo é essencial.
Uma das melhores coisas que os pais podem fazer para acelerar o tempo de reação e reduzir a ansiedade pode acontecer antes mesmo de ocorrer uma lesão nos dentes: discutir os procedimentos de emergência com um dentista com antecedência, aconselha a especialista.
“Tenha uma boa relação com o seu dentista e descubra que tipos de serviços de emergência ele oferece”, explica. “Assim, se enfrentar esta situação, sobretudo depois do horário de expediente ou num fim de semana, poderá obter ajuda.”
O que fazer quando há uma lesão nos dentes?
É por volta dos dois a três anos de idade que é mais provável acontecer um trauma na boca, seguido das idades entre os oito aos 11 anos.
No caso dos mais pequenos que praticam desporto, é importante que os pais estejam atentos a essas atividades e que garantam que os filhos usam o tipo certo de equipamento de proteção, que pode incluir não só protetores bucais, mas também capacetes para proteger a cabeça e o pescoço.
Além disso, as crianças com diferentes aparências dentárias correm riscos diferentes: uma criança cujo maxilar superior é um pouco mais pronunciado, em que os dentes são um pouco mais visíveis, corre maior risco do que uma criança com um rosto mais achatado.
“É mais comum haver lesões em que os dentes são fraturados ou partidos”, refere a especialista. “Pode ser o esmalte, ou até as camadas mais profundas da estrutura do dente: a camada intermédia, chamada dentina, que é um pouco mais macia, e a camada mais interna, a polpa, que é composta por nervos, vasos sanguíneos e outros tipos de tecido.”
Quanto mais profunda for a fissura ou fratura, mais complexo é o tratamento.
E se um dente for arrancado completamente? Aqui, o melhor “é recolocar o dente definitivo no local onde foi arrancado, o mais rapidamente possível. Isto funciona para doentes de qualquer idade, incluindo adultos”.
Os dentes devem ser sempre segurados pela coroa, a parte que vemos quando alguém sorri. “Se estiver sujo, pode pegar no dente, segurá-lo e sacudi-lo suavemente debaixo de água. E vai querer minimizar a pressão da água sobre o dente, porque isso iria romper as células que estamos a tentar proteger.” De seguida, deve ir a um dentista.
De acordo com a investigação atual, se um dente estiver fora da boca durante mais de uma hora, não haverá cura deste nervo e fornecimento de sangue. “No entanto, queremos voltar a colocar o dente no alvéolo, mesmo que isso tenha acontecido ao fim de mais de uma hora. Temos técnicas mais recentes em medicina dentária para ajudar a controlar quaisquer complicações.”
No caso de um dente de leite, este não voltará a ser recolocado.